O estudo foi divulgado hoje na publicação científica Cell Metabolism. A mesma equipa de investigadores coordenada por Jorge Ruas, professor-associado e investigador naquele Instituto, já tinha concluído, em 2014, que a produção do corpo do ácido quinurénico, aumentava com a prática de exercício físico e diminuía a probabilidade de ocorrência de estados depressivos provocados pelo stress, ao eliminar do cérebro os efeitos tóxicos de uma outra substância, a quinurenina.
Agora, os cientistas provaram que o ácido quinurénico atua também nas células adiposas, aumentando o gasto de energia e levando à perda de peso. O ácido influencia ainda o sistema imunitário fortalecendo as suas defesas contra inflamações. A substância poderá então ser usada e manipulada em tratamentos com pacientes obesos, desde que os indivíduos pratiquem regularmente exercício físico.
“O ácido quinurénico força o organismo a queimar gordura adicional", ao converter a gordura branca, que é armazenada, em gordura castanha, que se dissolve sob a forma de calor para controlar a temperatura corporal, explicou à Lusa Jorge Ruas.
Na experiência, a equipa usou dois grupos de ratos de laboratório, aos quais deu uma dieta alimentar hipercalórica. A um dos grupos, o de controlo, foi administrado um placebo. Ao outro, uma dose diária de ácido quinurénico. Após, três a quatro dias, os roedores com níveis de ácido quinurénico aumentados começaram a perder tecido gordo e consequentemente a perder peso, sem ter em conta a quantidade de comida ingerida.
No estudo, os cientistas descobriram também uma proteína, a GPR35, localizada na superfície das células adiposas e que opera como um recetor do ácido quinurénico, mas também de outras pequenas moléculas, "algumas delas sintéticas".
Jorge Ruas e a restante equipa, da qual fazem parte outros investigadores portugueses, esperam agora testar a substância no tratamento da obesidade e averiguar qual o tipo de intervenção mais eficaz: se a administração direta de doses de ácido quinurénico ou de moléculas sintéticas.