De uma forma mais ou menos intensa, a sexualidade é um dos pilares de qualquer relação amorosa. Mas não só: Uma vida sexual ativa e saudável é fundamental para o bem-estar físico e mental de cada pessoa e isso, depois, espelha-se facilmente numa vida a dois mais harmoniosa, apaixonada e feliz.
Mas dão os portugueses a devida importância ao sexo? Nem por isso. “Todas as pessoas reconhecem que a sexualidade está presente no nosso quotidiano. No entanto, e tendo em conta uma ‘pirâmide de prioridades’, na grande maioria das vezes, não é colocada em primeiro lugar enquanto essencial para a harmonia da vida de um casal. A sexualidade deve ser olhada como uma parte de nós e por essa razão não deve ser descuidada”, começa por explicar-nos a psicóloga clínica e também sexóloga Vera Ribeiro.
Parte da importância da sexualidade está relacionada com o bem-estar pessoal e até mesmo com a autoestima, algo que pode sair beneficiado quando a pessoa se conhece a si mesma e sobretudo quando conhece o seu próprio corpo.
Ao Lifestyle ao Minuto, a especialista revela que é importante explorar o próprio corpo, podendo a masturbação “ser uma das formas possíveis” de o fazer, uma espécie de “aprendizagem solitária”. Mas, em que é que a pessoa fica a ganhar quando conhece cada parte de si? Em primeiro lugar, frisa, fica a conhecer o seu “lado mais íntimo”, os seus “limites”.
“Para conhecermos o nosso lado mais íntimo, os nossos limites, o que gostamos e o que não gostamos, temos de começar por nós próprios”; faz sobressair, destacando também que “conhecendo-se a si mesmo, é uma forma saudável de conhecer posteriormente o outro. Não existe uma forma certa de o fazer, mas é sem dúvida importante que nos conheçamos por dentro e por fora”.
Apesar de a masturbação ser uma aliada do auto-conhecimento, Vera Ribeiro pensa que “ainda é conotada como sendo algo negativo. Já entendido como forma de aprendizagem, mas nem sempre aceite pela população em geral. Ou seja, entende-se o conceito mas não se assume”.
Nesta fase da descoberta, tão ou mais importante do que a masturbação é o toque da cara-metade. Segundo a sexóloga, “o parceiro é um complemento para esse auto-conhecimento, porque tocar ou ser tocado é diferente, são sensações totalmente diferentes. Essa descoberta a dois só irá enriquecer o laço entre ambos”.
O bê-á-bá da sedução
Para conhecer o próprio corpo, ganhar confiança em si mesmo e desejo pela cara metade, há que dar a devida importância à sedução. E é isso mesmo que Vera Ribeiro pretende ensinar com o seu recém-editado ‘Manual de Sedução – Jogos sensuais, técnicas e tudo o que precisa para ter mais prazer’, que chegou às livrarias no passado dia 7 de fevereiro pelas ‘mãos’ da Manuscrito.
“A ideia de ter um manual onde possamos fazer um caminho interior para sabermos quem somos e o que queremos na nossa intimidade, sem dúvida que é importante”, revela-nos Vera Ribeiro.
Manual de Sedução – Jogos sensuais, técnicas e tudo o que precisa para ter mais prazer© Manuscrito
“Penso que consegui transmitir tudo o que envolve a sexualidade do próprio e da sua relação com o outro. Não somos apenas seres sexuais, antes disso existe um ser que precisa de se conhecer e gostar de si, a sexualidade é mera consequência de tudo isso”, indica.
Mas o livro não fala apenas das melhores técnicas para aumentar a libido. Um dos temas que mais assombra a vida dos casais é também abordado e explicado. Falamos dos problemas sexuais que tanto podem afetar a mulher como o homem e das dúvidas para as quais nem sempre é fácil obter resposta.
Muitas dessas dúvidas dão, por vezes, lugar a tabus, a temas que não são discutidos e que, aos poucos, podem causar afastamento entre os pares. Apesar de existirem “coisas que são muito nossas”, diz a especialista, “devemos manter na nossa esfera de intimidade e conjugalidade”.
Na prática, “para o próprio e no seio da sua relação não é suposto existir tabu, isso não faz sentido… deve ser tudo partilhado sem vergonha ou receio de crítica. A sua intimidade não pode ser tabu para aquela pessoa que diz que mais confia, ama e respeita. Palavra chave – comunicação”.
E nos temas tabu estão muitas vezes os brinquedos sexuais. O preconceito ainda existe e há “também quem considere que não faz sentido ‘um terceiro elemento’ na relação. Mas de qualquer modo é algo que está mais próximo de ser adquirido (online) e assim, mesmo existindo preconceito, há muitas pessoas que acabam por comprar de uma forma mais discreta. Mas penso que a percentagem de pessoas que não faz uso regular deste tipo de brinquedos é superior." Porém, salvaguarda Vera Ribeiro em jeito de remate: "É uma escolha pessoal, não tem de existir numa relação”.