"Neste momento delicado, seria um erro abandonar o acordo nuclear e eliminar as obrigações a que o Irão está sujeito", escreveu Johnson num artigo de opinião publicado no New York Times, antes de encontros com responsáveis norte-americanos.
O ministro britânico argumenta nomeadamente que, com o acordo de 2015, os inspetores internacionais obtiveram poderes adicionais no controlo das instalações nucleares iranianas, "aumentando a possibilidade de deteção de qualquer tentativa para fabricar uma arma".
"Agora que estas algemas estão colocadas, não vejo qualquer possível vantagem em retirá-las. Só o Irão seria beneficiado com o abandono das restrições ao seu programa nuclear", escreveu.
Para Johnson, manter as obrigações do acordo permitirá "contrariar a atitude agressiva de Teerão na região".
"Estou convencido de uma coisa: qualquer alternativa é pior. A melhor via a seguir é aperfeiçoar as algemas e não parti-las", afirmou.
O acordo nuclear foi concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido -- e a Alemanha).
Nele, o Irão declara oficialmente não procurar obter armas nucleares a aceita submeter o seu programa nuclear a inspeções que permitam garantir os seus fins pacíficos.
Em contrapartida, a comunidade internacional aceitou levantar de forma progressiva e temporária as sanções internacionais impostas ao Irão devido ao programa nuclear e que afetaram fortemente a economia iraniana.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer que os aliados europeus se entendam com o Irão até ao próximo sábado, 12 de maio, quanto à forma de ultrapassar "as terríveis lacunas" do acordo.
Trump quer mais inspeções e, sobretudo, a eliminação dos prazos impostos a Teerão em relação ao programa nuclear, que expiram em 2025 e em 2030.
Para os europeus, o acordo de 2015 continua a ser o melhor instrumento para impedir o Irão de retomar a vertente militar do programa.
Além de Johnson, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos outros dois países europeus que são parte no acordo, França e Alemanha, reiteraram hoje o seu compromisso com o acordo.
"Vamos continuar, independentemente da decisão dos Estados Unidos", disse Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia francesa, após um encontro em Berlim com o homólogo alemão, Heiko Maas.
"A Alemanha também", disse Maas, acrescentando que o pacto "torna o mundo mais seguro".