"O Ramadão [mês sagrado dos muçulmanos] é uma época de paz e de reflexão. Em solidariedade com os muçulmanos de todo o mundo, junto-me hoje a todos e a todas que vão jejuar hoje aqui, no Mali. Ramadão Mubarak [Abençoado]", escreveu Guterres, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
Durante o dia de hoje, o secretário-geral da ONU não poderá comer ou beber desde que o sol nasce até que o sol se põe. Só depois do pôr do sol é que poderá fazer uma interrupção do jejum e consumir alimentos ou bebidas.
Guterres chegou na terça-feira a Bamako, capital do Mali, país de maioria muçulmana e que nos últimos anos tem enfrentado vários grupos extremistas islâmicos, para prestar homenagem aos soldados das missões de paz da ONU, conhecidos como 'capacetes azuis', por ocasião do Dia Internacional dos Soldados da Paz e dos 70 anos de existência destas operações.
Le Ramadan est une saison de paix et de réflexion. En solidarité avec les Musulmans partout dans le monde, je me joins aujourd'hui à celles et ceux qui jeûnent ici, au Mali. Ramadan Moubarak.
— António Guterres (@antonioguterres) 30 de maio de 2018
No Mali está a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (Minusma, na sigla em inglês), considerada a mais perigosa das atuais operações da organização.
Durante o dia de hoje, Guterres vai visitar a cidade de Mopti e reunir-se com o comando da "Força G5", que integra cinco países da região do Sahel.
Tem ainda prevista uma conferência de imprensa em Bamako e um encontro com o Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, com quem irá interromper o jejum ao final do dia durante um evento oficial.
Destacada em 2013, a Minusma, que integra cerca de 12.500 militares e polícias, é, atualmente, a missão de paz da ONU com mais baixas.
Entre março e abril de 2012, o norte do Mali caiu nas mãos de grupos extremistas com ligações à rede terrorista Al-Qaida.
A progressão no terreno destes grupos extremistas tem sido travada por uma operação militar internacional que foi lançada em janeiro de 2013, por iniciativa de França.
Existem áreas inteiras do país que ainda estão fora do alcance das forças do Mali, das tropas francesas e da Minusma, que são regularmente alvo de ataques.
Estes ataques têm ocorrido mesmo depois da assinatura em maio e junho de 2015 de um acordo de paz, destinado a isolar definitivamente os extremistas.
Desde 2015, os ataques alastraram-se para o centro e o sul do Mali, mas também para países vizinhos, nomeadamente Burkina Faso e Níger.