Num anúncio feito pelo Ministério da Saúde da RDCongo na plataforma de microblogues Twitter, a situação a 21 de agosto de 2018 apontava ainda para outros 102 casos, sendo que 75 estavam confirmados.
O Ministério anunciou a morte de mais quatro pessoas e a existência de nove novos casos sob investigação, todos eles na província de Kivu do Norte.
A ocorrência deste segundo surto de Ébola no país em menos de um ano foi anunciada a 01 de agosto pelo ministro da Saúde congolês, Oly Ilunga.
O número de mortes registadas é já superior às do surto anterior, que durante três meses terá provocado a morte a 33 pessoas, sendo que 17 destas foram mortes diretas do vírus.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o controlo desta epidemia está a ser diferente das outras situações até agora registadas, uma vez que se tratam de zonas de conflito.
As principais províncias afetadas são Ituri e Kivu do Norte, sendo que a última registou mais de 120 incidentes violentos desde o início do ano.
Estas duas províncias são também as zonas com maior número de refugiados internos e acolhem um milhão de pessoas nesta situação.
Também a organização não-governamental (ONG) Cruz Vermelha apontou uma outra condicionante: a língua.
No Twitter, aquela ONG salientou que a RDCongo é um dos países com mais dialetos no mundo, o que dificulta a atuação da organização.
Uma vacinação específica está a ser utilizada, tal como na última epidemia que atingiu a província do Equador, no noroeste do país, e cujo fim foi anunciado a 24 de julho (33 mortos num total de 54 casos).
"Desde o início da vacinação, a 08 de agosto de 2018, foram inoculadas 1.273 pessoas", precisou o Ministério da Saúde no dia 20 de agosto.
As equipas médicas "começaram a utilizar a molécula terapêutica Mab114 no âmbito do tratamento dos doentes" em Béni e em Mangina, epicentro da epidemia, segundo o Ministério.
A RDCongo (antigo Zaire) foi palco de dez epidemias de Ébola desde 1976, mas esta é a primeira vez que o vírus ataca numa zona de conflito armado, densamente povoada e com grandes movimentos de população.
O vírus do Ébola, que pode alcançar uma taxa de mortalidade de 90%, transmite-se através do contacto direto com sangue e fluídos corporais contaminados, sendo mais virulento quanto mais avançado estiver o processo de contaminação.
A pior epidemia conhecida da febre hemorrágica do Ébola foi declarada em março de 2014, na Guiné Conacri, tendo-se depois expandido para a Serra Leoa e Libéria.
A OMS deu por terminada a epidemia em janeiro de 2016, depois de registar 11.300 mortos e mais de 28.500 casos, com a agência das Nações Unidas a admitir que os valores reais podem ser mais altos.