Reino Unido vai trabalhar com aliados contra agência de informação russa
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou hoje que o Reino Unido vai trabalhar com aliados para combater a ameaça que diz representar a agência de informação russa GRU, a qual diz estar "por detrás" de um ataque químico em território britânico.
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Mundo Caso Skripal
Sem revelar detalhes, disse que o Reino Unido, em conjunto com aliados, vai "implantar toda uma gama de ferramentas de todo o nosso aparato de Segurança Nacional, a fim de combater a ameaça representada pela GRU".
Numa declaração aos deputados, afirmou: "Sabemos que a GRU tem desempenhado um papel fundamental na atividade nefasta da Rússia nos últimos anos. E hoje nós expusemos o seu papel por detrás do desprezível ataque de armas químicas nas ruas de Salisbury. As ações da GRU são uma ameaça para todos os nossos aliados e para todos os nossos cidadãos".
May apelou à intensificação dos "esforços coletivos, especificamente contra a GRU", na sequência da investigação policial da unidade de combate ao terrorismo feita nos últimos seis meses ao ataque em Salisbury.
"Estamos a aumentar o nosso conhecimento do que a GRU está a fazer nos nossos países, a evidenciar as suas atividades, a expor os seus métodos e a partilhar com nossos aliados", garantiu.
Em março, Londres expulsou 23 diplomatas russos identificados como agentes secretos russos não declarados, e 28 países aliados e a NATO expulsaram igualmente, em solidariedade, um total de mais de 150 elementos de agências de informações russas.
Porém, hoje, Theresa May não anunciou mais nenhuma ronda de expulsões e garantiu que o Reino Unido, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, continuará a falar com a Rússia em temas de paz e segurança internacionais.
"Mas também usaremos esses canais de comunicação para deixar claro que não pode existir em nenhuma ordem internacional civilizada espaço para o tipo de atividade bárbara a que assistimos em Salisbury, em março", salientou May.
Esta manhã, a procuradoria pública e a polícia britânicas identificaram dois suspeitos russos, Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, como os alegados responsáveis do ataque com o agente neurotóxico Novichok contra Sergei e Julia Skripal, em março, no Reino Unido.
A investigação policial conseguiu verificar os seus movimentos desde a chegada de avião a 02 de março num voo proveniente de Moscovo até à partida em oito de março, no mesmo dia do ataque, e encontrou vestígios de Novichok no hotel onde ficaram alojados, em Londres.
Theresa May revelou aos deputados que as agências de segurança e informações britânicas realizaram suas próprias investigações sobre a organização responsável pelo ataque e concluíram que ambos são agentes do Serviço de Inteligência Militar da Rússia, também conhecido como GRU.
A GRU, vincou, "é uma organização altamente disciplinada, com uma cadeia de comando bem estabelecida. Então esta não foi uma operação não autorizada. Quase certamente também foi aprovado fora da GRU, a um nível sénior do Estado russo".
A Procuradoria da Coroa [Crown Prosecution Service] considerou existirem provas suficientes para acusar os dois suspeitos de conspiração de homicídio de Sergei Skripal e tentativa de homicídio de Sergei e Yulia Skripal e do agente de polícia Nick Bailey.
São ainda considerados suspeitos do uso e posse de substâncias químicas ilegais, cuja origem as autoridades atribuíram à Rússia, onde o agente neurotóxico foi desenvolvido no âmbito de um programa militar nos anos 1970.
Sergei Skripal, um britânico de origem russa com 66 anos, é um antigo agente russo que colaborou com os serviços secretos britânicos.
Juntamente com a filha de 33 anos, Yulia, de nacionalidade russa, foram encontrados semi-inconscientes num banco de jardim, tendo-se apurado mais tarde que tinham sido envenenados com um agente neurotóxico de nível militar.
Depois de estarem hospitalizados em estado grave durante semanas, ambos tiveram alta, tal como o agente Nick Bailey, que também tinha sido contaminado.
Na investigação sobre o ataque aos Skripal foi incluída a investigação por homicídio em 08 de julho da britânica Dawn Sturgess, de 44 anos, da localidade vizinha de Amesbury, também foi devido aos efeitos da substância química novichok.
A mulher foi contaminada após manusear um recipiente que continha o agente neurotóxico encontrado num local público, e que também afetou, mas de forma menos grave, o companheiro Charlie Rowley, incidentes que a polícia está convencida estarem relacionados.
"Nós não acreditamos que Dawn e Charlie foram visados deliberadamente, mas tornaram-se vítimas como resultado da imprudência com que um agente nervoso tão tóxico foi despojado", denunciou o comissário adjunto Neil Basu, responsável pela unidade de combate ao terrorismo.
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