O marechal Khalifa "Haftar está a caminho", afirmou um responsável italiano, sob anonimato. Mas a informação não foi até agora confirmada oficialmente em Palermo ou em Benghazi, domínio do marechal no leste do país.
Fazendo suspense sobre a sua participação, "Haftar já conseguiu convencer a conferência de Palermo da sua importância num potencial acordo (...) e reforçou a sua posição de ator chave na crise libanesa", considerou Mohamed ElJarh, analista líbio.
Como mais uma tentativa para relançar um processo eleitoral e político e tirar o país do impasse, esta conferência, que deve começar pelas 20:00 (19:00 em Lisboa) com um jantar na sumptuosa Villa Igea em Palermo, segue-se à de Paris em maio último, na qual se tinha chegado a um acordo sobre uma data, de 10 dezembro, para as eleições nacionais.
As Nações Unidas, que têm procurado uma solução para estabilizar a Líbia, minada pelas divisões e lutas de poder depois da queda, em 2011, do regime de Muammar Kadhafi, anunciaram quinta-feira que o processo eleitoral está atrasado e deverá finalmente derrapar para a primavera de 2019.
As primeiras reuniões tiveram lugar hoje à tarde, consagradas à segurança, um dos temas fortes desta conferência, segundo o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte.
"A segurança é uma pré-condição necessária para assegurar a estabilidade do país", sublinhou Conte, citado na edição de hoje do jornal La Stampa.
Conte encontrou-se hoje à tarde, antes do início oficial da conferência, com o emissário das Nações Unidas na Líbia, Ghassan Salamé.
Tal como na cimeira de Paris em maio último, Haftar foi convidado para participar na mesma mesa que o chefe do governo de união nacional (GNA), internacionalmente reconhecido, Fayez al-Sarraj, do presidente do Parlamento, Aguila Salah, e o responsável do Conselho de Estado, equivalente a uma câmara alta em Tripoli, Khaled al-Mechri.
Estes três responsáveis líbios chegaram a Palermo, onde se encontra também Ghassan Salamé. Roma convidou também representantes tribais e da sociedade civil.
A conferência de Palermo, minada pelas tensões entre fações líbias, está também marcada pelas divisões entre os diferentes países com interesses na Líbia.
Numa entrevista à AFP quinta-feira, Sarraj disse que a conferência parte de "uma visão comum do dossiê líbio", sublinhando "a necessidade de se unificarem posições" de Paris e Roma.
Depois do encontro de Paris, Roma tinha-se reaproximado da França, querendo fazer progressos na Líbia, dirigida hoje por duas entidades rivais: o GNA, assente num processo de constituição de governo em Tripoli, e uma autoridade instalada no leste, baseada num parlamento eleito em 2014 e numa força armada dirigida por Haftar.
Em maio último, Paris tinha defendido a realização de eleições em dezembro, reencontrando o ceticismo italiano, mas também do lado norte-americano.
"Nós defendemos as eleições o mais cedo possível, mas os adiamentos artificiais e um processo precipitado será contraprodutivo", declarou quinta-feira David Hale, número três da diplomacia americana no Middle East Institute de Washington.
Um alerta partilhado por Salamé, que indicou quinta-feira perante o Conselho de Segurança da ONU, que uma conferência nacional deverá ocorrer em 2019, elimina a perspetiva de eleições antes do fim do ano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, é esperado em Palermo, tal como a chefe da diplomacia europeia Federica Mogherini e o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi.
O novo encontro na Sicília acontece depois entre fortes combates na capital líbia, onde pelo menos 117 pessoas foram mortas entre o fim de agosto e o fim de setembro.
O regresso à calma e a retoma da economia são dois temas a abordar na conferência, indicou fonte diplomática italiana.