"O Paquistão não precisa do conselho de nenhum país sobre como proteger as suas minorias", lê-se num comunicado divulgado hoje pelo ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês, em resposta à 'lista negra' anunciada na terça-feira pelo Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
Na terça-feira, o Paquistão juntou-se à lista elaborada pelos EUA que condena "dez países culpados de graves violações à liberdade religiosa". China, Eritreia, Irão, Myanmar (antiga Birmânia), Coreia do Norte, Sudão, Arábia Saudita, Tajiquistão e Turcomenistão completam a 'lista negra'.
"Em demasiados lugares ao redor do mundo, há indivíduos a sofrer assédio, prisão ou até mesmo a morrer por simplesmente viverem as suas vidas de acordo com as suas crenças" disse o chefe da diplomacia dos EUA, acrescentando que o país não irá "ficar de pé como espetador diante de tal opressão".
No relatório, Washington afirmou que as minorias religiosas no Paquistão, que representam 4% da população, continuam a sofrer ataques de grupos extremistas. Ao mesmo tempo, sublinhou o mau uso da lei da blasfémia e de supressão dos direitos dos não-muçulmanos, os xiitas e os ahmadis.
Em resposta, Islamabad garantiu que o Paquistão é uma "sociedade multirreligiosa e plural onde pessoas de diferentes crenças e denominações vivem juntas".
A decisão dos EUA acontece pouco depois da absolvição, a 31 de outubro, de Asia Bibi, uma cristã condenada à morte por blasfémia e detida desde 2010, um caso que provocou indignação internacional e violência no país islâmico.
A lei anti blasfémia paquistanesa foi estabelecida durante a época colonial britânica para evitar lutas religiosas, mas na década de 80 do século XX várias reformas do então ditador Mohamed Zia-ul-Haq favoreceram abusos.
Desde essa altura, foram registadas mais de mil acusações por blasfémia, um crime que pode levar à morte por apedrejamento, embora essa pena nunca tenha sido aplicada.