Nelson Espinal, de 28 anos, fugiu para os Estados Unidos na primeira caravana de migrantes que partiu a 13 de outubro das Honduras. Fugia de ameaças de morte de gangues criminosos locais.
“Diz à mãe para não se preocupar, vou pedir asilo. Temos que rezar a Deus para que me seja dado. Eu disse-lhes que não posso voltar para as Honduras porque se voltar eles matam-me”, disse Nelson à sua irmã, Patricia, que relembrou esta conversa por telefone com lágrimas nos olhos, cita o Guardian.
Nesta altura, Nelson estava num centro de detenção, mas o seu pedido acabaria por ser negado e foi deportado para a sua nativa Tegucigalpa, a capital e a cidade mais populosa das Honduras. Uma semana após o seu regresso, Nelson foi baleado na cabeça à porta de sua casa, a 18 de dezembro.
Acima, a cobertura do velório, feita pela Reuters.
Nelson Espinal vivia com os pais, as quatro irmãs e uma criança no bairro José Ángel Ulloa, uma área controlada pelo famoso gangue MS-13, que vive de ameaçar, coagir e forçar os residentes, principalmente os mais jovens, a trabalhar para o grupo, num ambiente de violência.
Recorde-se que em julho do ano passado, Jeff Sessions, o procurador-geral dos Estados Unidos, negou um pedido de asilo a uma mulher de El Salvador, violada e agredida pelo ex-marido. Esta decisão tornou praticamente inviável o pedido de asilo por parte de pessoas que fujam de violência doméstica ou de gangues.
Jeff Sessions defendeu que os pedidos de asilo servem apenas para situações de perseguição por parte do governo do país de origem.