A advogada de Julian Assange, Jennifer Robinson, acusa o governo do Equador de ter feito afirmações "ultrajantes" sobre o comportamento do fundador do Wikileaks enquanto este vivia na embaixada do país em Londres. Segundo a mulher, as alegações feitas sobre o comportamento "nojento" de Assange, que incluíam que este teria sujado as paredes de fezes, foram fabricadas de forma a garantirem um pretexto para o forçarem a sair de lá.
A embaixada acusava também Assange de ter de ser relembrado para puxar o autoclismo na casa de banho, de deixar roupa interior suja no lavatório, de não lavar a loiça e de deixar o forno ligado.
Numa entrevista à Sky News, a advogada referiu ainda que tem visitado Assange nos últimos sete anos e que o australiano "tem estado a viver dentro de um quarto sem acesso ao exterior. Dentro da embaixada foi-se tornando mais difícil. As políticas mudaram quando a situação política do Equador mudou com o novo líder".
"O Equador fez estas alegações para justificar o ato ilegal e nunca antes visto de deixar a polícia entrar dentro de uma embaixada", garantiu.
Sobre os motivos que fizeram o fundador do WikiLeaks aguentar tanto tempo no interior da embaixada, Jennifer refere que tal aconteceu pelo seu "medo real e legítimo de uma extradição para os Estados Unidos". "Que como se viu na quinta-feira provaram ser justificados", acrescentou.
Julian Assange enfrenta acusações nos Estados Unidos por "conspiração para cometer pirataria informática" em sequência da divulgação dos documentos classificados do governo norte-americano pelo Wikileaks.
A advogada do ex-asilado garantiu ainda que Assange não permaneceu na embaixada para evitar as investigações por acusações de violação e abuso sexual que enfrentava na Suécia. "Isto não se tratava e não se trata de evitar enfrentar a justiça sueca. Trata-se de evitar a justiça norte-americana. Ele cooperou com a investigação sueca. Os procuradores suecos foram à embaixada para ouvir o seu testemunho. Depois disso arquivaram o caso", atirou.
Recorde-se que Julian Assange foi detido no interior da embaixada equatoriana em Londres, na passada quinta-feira, quando o embaixador decidiu retirar-lhe o estatuto de asilado e convidar as autoridades a entrarem no local. Depois disso foi presente a tribunal onde foi acusado de ter violado os termos da sua liberdade condicional, o que poderá implicar uma pena de prisão até um ano.
A 2 de maio vai ser presente a tribunal via vídeo para responder pelo pedido de extradição dos Estados Unidos que, segundo a advogada, irá "contestar e combater".