"Nós estamos perante uma situação de interpretações variadas e que vão aparecendo tardiamente. Quando pensamos que tudo está a correr bem, aparece uma interpretação diferente daquilo que eram os entendimentos", disse Joaquim Chissano, citado hoje pelo canal televisivo STV.
Recentemente, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que recebeu a lista dos oficiais da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) que devem ser integrados na polícia, como está previsto no acordo de paz, mas disse que o Governo não pode aceitar nomes de oficiais que estejam na reserva.
"Nós, o Governo, não temos a moral suficiente para incluir os homens já na reserva e outros na reforma ou desmobilizados em detrimento daqueles que ainda se encontram nas fileiras da Renamo, aqueles pelo qual o diálogo com o falecido Afonso Dhlakama visava abranger", disse Nyusi.
Apesar de acreditar que as partes vão encontrar um meio termo, Joaquim Chissano também considera que não faz sentido que a lista integre membros na reserva ou desmobilizados.
"Discussão é discussão e eu acredito que as partes vão chegar a um acordo. Mas integrar pessoas que estejam na reserva na faz sentido", afirmou o antigo chefe de Estado moçambicano, que assinou em 1992 o primeiro acordo de paz entre o Governo e a Renamo, com o falecido líder do principal partido de oposição.
As negociações entre o Governo e a Renamo estão bloqueadas na questão do desarmamento, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo.
O principal partido da oposição exige a presença dos seus quadros no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas academias militares, o que não tem tido resposta por parte do executivo moçambicano.
Além do desarmamento e da integração dos homens do braço armado do maior partido da oposição nas Forças Armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a revisão da Constituição, em julho do ano passado.