Turquia recusa recuar na compra de mísseis russos contestada pelos EUA

A Turquia "não fará marcha atrás" na decisão de comprar mísseis russos S-400, apesar das pressões dos Estados Unidos, afirmou hoje o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

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Lusa
25/06/2019 11:37 ‧ 25/06/2019 por Lusa

Mundo

Recep Tayyip Erdogan

"A questão dos S-400 está diretamente ligada à nossa soberania e não faremos marcha atrás nesse assunto", disse Erdogan, num discurso perante deputados do seu partido em Ancara, nas vésperas de um encontro com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, à margem da cimeira do G20 no Japão.

Segundo o Presidente da Turquia, a entrega dos sistemas russos começará "no próximo mês".

"A Turquia não tem de negociar com qualquer país, pedir a sua permissão e menos ainda curvar-se perante as pressões quando se trata de responder às suas necessidades em matéria de segurança", disse o chefe de Estado turco.

Estas declarações surgem a dias de um encontro previsto entre Erdogan e Trump à margem da cimeira do G20, que decorre em Osaca entre sexta-feira e sábado.

A reunião ocorrerá um mês antes de expirar o ultimato que Washington fez a Ancara para renunciar aos mísseis russos S-400 de defesa antiaérea, após o qual ameaça aplicar sanções.

Os EUA opõem-se fortemente à compra dos S-400 pela Turquia, argumentando que os sistemas russos não são compatíveis com os dispositivos da NATO, de que Ancara faz parte.

Washington acredita também existir o risco de os operadores russos que formarão os militares turcos nos S-400 aceder aos segredos do novo avião furtivo norte-americano F-35, de que a Turquia se quer também dotar.

O chefe do Pentágono, Patrick Shanahan, dirigiu há menos de duas semanas ao seu homólogo turco uma carta em que exorta a Turquia a renunciar, até 31 de julho, à compra dos sistemas de defesa russos S-400, que Washington considera incompatíveis com o novo avião furtivo norte-americano F-35 e que Ancara também pretende adquirir.

Caso a Turquia não renuncie até 31 de julho ao sistema de defesa antiaéreo russo, os pilotos turcos que atualmente treinam nos Estados Unidos nos F-35 serão expulsos, prosseguiu Washington.

O pessoal turco do consórcio internacional que fabrica os F-35 será substituído e serão anulados em simultâneo os contratos de subempreitada das empresas turcas envolvidas na construção do aparelho.

Na sua carta, o Ministério da Defesa turco disse ter insistido na "importância de continuar a trabalhar para uma solução" e de "manter um diálogo baseado no respeito e amizades mútuas".

No decurso de um contacto telefónico com Shanahan na semana passada, e de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa então divulgado, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, "insistiu na formulação inadequada" do ultimato e considerou que "não está em conformidade com o espírito da Aliança" Atlântica, da qual os dois países são Estados-membros.

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