De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), o valor disponibilizado - cerca de 184,5 milhões de euros -, pode também ajudar outras pessoas que fazem o mesmo percurso.
Segundo o ACNUR, muitos refugiados sofrem "nas mãos de traficantes ou contrabandistas e acabam sujeitos a terríveis abusos de direitos humanos", lê-se num comunicado divulgado hoje.
A agência da ONU estima que pelo menos 507 pessoas morreram ou desapareceram no mar Mediterrâneo Central e Ocidental este ano, mas salienta que não é conhecido o número total de pessoas que perderam a vida em rotas de contrabando e de tráfico de seres humanos antes de chegarem ao mar.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados apela ainda aos Estados para que resolvam o que consideram ser uma "lacuna perigosa na capacidade de resgate marítimo no Mediterrâneo" e que façam mais para desmantelar as redes de tráfico de seres humanos.
De acordo com o mesmo documento, a ONU refere que "os sobreviventes enfrentam abusos de direitos humanos na sua jornada desde a África Subsaariana até ao norte da África, incluindo tortura, espancamentos, extorsão e escravidão forçada".
O comunicado aponta também que as mulheres e as meninas enfrentam o risco de sofrer violação e agressão sexual durante as viagens.
O ACNUR pretende desenvolver um programa abrangente para evitar que os refugiados sejam apanhados por redes de tráfico humano.
Com esse projeto, o ACNUR quer fornecer alternativas para viagens perigosas nos primeiros países de asilo e oferecer ajuda humanitária aos sobreviventes de violações de direitos humanos.
Para os refugiados, a agência da ONU sugere que haja mais esforços para desenvolver vias complementares para que estes encontrem soluções "através de um acesso mais eficaz aos procedimentos de reagrupamento familiar".
O enviado especial do ACNUR para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, disse que perante um cenário com mais de 15 conflitos no continente africano, milhares de pessoas continuam a movimentar-se com expectativas muitas vezes irrealistas e mal informadas.
"As pessoas enfrentam um grave perigo e até a morte nas mãos de contrabandistas e traficantes". Por isso, é preciso fazer mais para evitar que um maior número de pessoas caia nas mãos daqueles que buscam lucrar com a vulnerabilidade e o desespero", reforçou.