Trump só pode ser acusado de crimes quando terminar mandato, diz Mueller

O procurador especial que investigou o caso da interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, Robert Mueller, reafirmou que, segundo o Departamento de Justiça, só quando Donald Trump sair da Casa Branca poderá ser acusado de obstrução à justiça.

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Lusa
24/07/2019 18:36 ‧ 24/07/2019 por Lusa

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EUA

Ao longo de mais de quatro horas, Robert Mueller foi confrontado pelos Democratas com declarações do seu relatório da investigação sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, sendo desafiado a comprovar a leitura de que teria havido obstrução à justiça por parte da Casa Branca, por colocação de obstáculos ao trabalho da equipa do procurador especial.

O procurador especial repetiu hoje no Congresso a ideia de que o seu relatório não exonerou completamente o presidente Donald Trump de suspeitas de obstrução de justiça.

Robert Mueller explicou que as conclusões da sua investigação, que foram conhecidas em abril passado, "indicam que o Presidente não foi inocentado dos atos de que foi acusado", referindo-se às suspeitas de obstrução de justiça, mas que a leitura do Departamento de Justiça, de quem dependia, era a de que um Presidente em exercício não pode ser alvo de uma acusação formal.

Mueller confirmou ainda que, segundo a mesma linha estratégica do Departamento de Justiça, qualquer acusação de obstrução à justiça só poderá ser formalizada quando Donald Trump abandonar o cargo de Presidente dos EUA.

Sem nunca falar da questão da possibilidade de destituição do presidente, Mueller deixou em aberto a hipótese de o Congresso querer aprofundar a possibilidade de ter havido obstrução à justiça, o que poderá justificar o processo de 'impeachment'.

Do lado Republicano, a estratégia foi a de criticar a investigação de Mueller, acusando-a de ter sido politizada e procurando associá-lo a um esforço para perseguir o Presidente dos EUA, reforçando a ideia que Donald Trump tem repetido de que se tratou de uma "caça às bruxas".

Os parlamentares Republicanos questionaram Mueller sobre a colaboração dada pela Casa Branca à investigação, tentando provar que o procurador levou a sua tarefa até ao fim, podendo obter os dados de que necessitava.

Robert Mueller, que se recusou sempre a ler diretamente do seu relatório - para que não ficasse um registo áudio da sua versão do documento -, rejeitou fazer leituras qualitativas das conclusões da investigação, nomeadamente sobre o nível de colaboração por parte da Casa Branca.

Alguns Republicanos acusaram ainda Mueller de se ter rodeado de advogados e investigadores que são próximos do Partido Democrata, para tentar diminuir a isenção da equipa responsável pela investigação.

Ao longo da audiência na Câmara de Representantes, Robert Mueller negou ainda ter sido candidato a diretor do FBI, negando a versão de Donald Trump, que apresentou a sua recente candidatura como prova de conflito de interesses para investigar o caso russo.

O presidente dos EUA por várias vezes disse que o procurador especial Robert Mueller se tinha apresentado a uma audiência na Casa Branca, para se candidatar ao lugar de diretor do FBI, colocando-o numa situação de conflito de interesse para desenvolver uma investigação sobre conluio entre a equipa de Trump e o Governo russo, para interferir nas eleições presidenciais de 2016.

Hoje, Mueller negou que se tivesse apresentado como candidato a diretor do FBI, dizendo que apenas conversou com o presidente sobre a instituição, para lhe transmitir as suas ideias.

Na sua conta pessoal da rede social Twitter, Donald Trump respondeu, minutos depois, dizendo que Mueller está a mentir sobre a questão, repetindo que o procurador especial se candidatou ao lugar de diretor do FBI e que tem testemunhas para provar essa pretensão, incluindo o vice-Presidente, Mike Pence.

Os Democratas agradeceram a presença do procurador especial no Congresso, dizendo que o seu relatório tinha algumas questões que não estavam claras e que foram aproveitadas para o Presidente Trump se ilibar de quaisquer culpas no processo de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.

 

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