A informação foi dada pela assessoria do Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que confirmou ter recebido a resposta dos EUA ao pedido de 'agrément' - termo que designa o acordo de um Estado para receber membros de uma missão diplomática de um país estrangeiro - do Governo brasileiro.
"O Ministério das Relações Exteriores tem a satisfação de informar que o Governo dos Estados Unidos concedeu 'agrément' a Eduardo Bolsonaro como embaixador extraordinário e plenipotenciário do Brasil naquele país. De acordo com a Constituição brasileira, essa designação ainda deverá ser submetida à apreciação do Senado Federal", diz o comunicado do Itamaraty.
Na manhã de hoje, após ter-se tornado público o aval dos EUA, o chefe de Estado do Brasil indicou que deve enviar o nome do seu terceiro filho ao Congresso no início da próxima semana.
"Pode ser na segunda ou terça-feira", disse Jair Bolsonaro, acrescentando que está "muito feliz", e que tem a "certeza de que a amizade e os laços comerciais" entre os dois países "serão fortalecidos com Eduardo".
Segundo o chefe de Estado, o documento enviado ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil foi escrito com a "caligrafia" do próprio Presidente norte-americano, Donald Trump.
Para assumir o cargo de embaixador, Eduardo Bolsonaro terá que renunciar ao seu mandato atual de deputado, e terá ainda de passar por uma audição (sabatina) no Senado brasileiro (câmara alta parlamentar), responsável por aprovar a indicação dos embaixadores brasileiros, e que poderá impedir a nomeação do deputado.
"Acho que o Senado vai fazer uma boa sabatina e tenho a certeza de que será aprovado. Agora, talvez haja o viés político por parte de alguns. Eu espero que ele seja aprovado", afirmou ainda Jair Bolsonaro, citado pela imprensa brasileira, durante uma cerimónia comemorativa do Dia do Futebol no Ministério da Cidadania, em 19 de julho.
A possibilidade de Eduardo Bolsonaro ser indicado como novo embaixador do Brasil nos EUA, país com o qual o Brasil fortaleceu os laços quando Bolsonaro tomou posse, tornou-se pública no início de julho e tem gerado grande polémica.
Opositores acusaram o chefe de Estado brasileiro de usar o cargo para favorecer de forma ilegal o filho.
Na semana passada, Donald Trump elogiou a indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington e declarou que não considera essa indicação como nepotismo.
"Conheço o filho dele [Bolsonaro], acho o filho dele fantástico, um grande jovem. Estou muito feliz por ele ter sido indicado, espero que seja nomeado. Eu conheço o filho dele e é provavelmente por isso que ele foi indicado. Ele é fantástico, estou muito feliz", afirmou Trump numa conferência de imprensa no jardim da Casa Branca.
"Não acho que seja nepotismo, porque Eduardo Bolsonaro ajudou bastante o seu pai [Jair Bolsonaro], durante a campanha presidencial. Ele é excecional, realmente é. Acho que é uma ótima indicação. Eu não sabia disso", revelou o governante dos EUA.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal brasileiro, a nomeação de um cônjuge ou parente até terceiro grau de consanguinidade para o exercício de uma comissão ou posição de confiança em qualquer dos poderes do Estado violaria a Constituição Federal.
No entanto, a Controladoria Geral do Estado considera que a proibição se refere apenas à nomeação em cargos administrativos e não políticos.
Eduardo Bolsonaro, de 35 anos, é deputado e é o atual presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados brasileira.