Após nova ronda de consultas pelos partidos com assento parlamentar para tentar desbloquear o impasse político que dura desde abril, o rei de Espanha decidiu não propor qualquer candidato para ser investido como primeiro-ministro e tentar formar governo. Desta forma, Espanha está a caminho de novas eleições - as quartas nos últimos quatro anos.
Na manhã desta terça-feira, Pedro Sánchez (PSOE) ainda falou ao telefone com os líderes dos três maiores partidos para saber a sua decisão sobre a investidura. No entanto, Ciudadanos e PP mantiveram a rejeição à investidura, e o Unidas Podemos confirmou a sua abstenção.
O rei Felipe VI reuniu-se com a presidente do parlamento, Meritxell Batet, uma vez finda a ronda de conversações com os partidos - que terminou com Pedro Sánchez - para lhe comunicar a sua decisão de propor um candidato para tentar formar governo, ou se, pelo contrário, considerava que não há condições para que tal acontecesse, como foi o caso.
Reunión del Rey con la presidenta del Congreso de los Diputados, Meritxell Batet. https://t.co/OMahq3ExnN pic.twitter.com/I5wt6aWQFI
— Casa de S.M. el Rey (@CasaReal) 17 de setembro de 2019
"Sua Majestade o Rei, depois de receber a informação que lhe passaram os representantes designados pelos grupos políticos com representação parlamentar que compareceram às consultas, constatou que não existe um candidato que conte com os apoios necessários para que o parlamento, no seu caso, lhe dê a sua confiança", pode ler-se num comunicado emitido pela Casa Real espanhola.
Felipe VI "comunicou à senhora presidente do parlamento, Meritxell Batet, que não formula uma proposta de candidato à presidência do governo", acrescenta o curto comunicado.
Resta agora a Pedro Sánchez apenas uma semana - até à próxima segunda-feira 23 de setembro - para tentar um acordo de última hora para formar um governo aprovado pelo parlamento. Mas se tal não acontecer, como tudo indica, o rei Felipe VI será obrigado a dissolver o parlamento e a marcar eleições para 10 de novembro.
E... Pablo e Sánchez prosseguem com o 'passa-culpas'
Em reação à decisão do Rei, Pablo Iglesias culpou o líder do PSOE pelo desfecho. "Pedro Sánchez teve o mandato para formar governo. Não quis. A arrogância e o desprezo pelas regras básicas de uma democracia parlamentar impuseram-se à sensatez", escreveu no Twitter. "Comete um erro histórico de enormes dimensões por uma obsessão de ter o poder absoluto que os espanhóis não lhe deram", pode ler-se.
Pedro Sánchez comete un error histórico de enormes dimensiones forzando otras elecciones por una obsesión con acaparar un poder absoluto que los españoles no le han dado. Hace falta un presidente que entienda el multipartidismo. España ha cambiado y no va a retroceder.
— Pablo Iglesias (@Pablo_Iglesias_) September 17, 2019
A partir do Palácio de Moncloa, Sánchez garantiu: "Tentei por todos os meios [chegar a acordo] mas fizeram com que fosse impossível", cita o El País.
"Tentei formar o governo que penso que Espanha necessita perante os desafios que estão por vir. Espanha não precisa de um governo para uma investidura, mas sim de um governo para a legislatura", continuou.
Comparecencia del presidente del Gobierno en funciones, @sanchezcastejon, desde La Moncloa. https://t.co/CUYfWkRwpN
— La Moncloa (@desdelamoncloa) 17 de setembro de 2019
[Notícia atualizada às 21h]