O diretor da Rede Árabe de Informação sobre Direitos Humanos (ANHRI), Gamal Eid, disse à agência noticiosa espanhola Efe que os manifestantes detidos nas cidades de Suez (na margem do canal do Suez), Mansura e Kafr al Sheikh (no delta do Nilo) serão interrogados perante o Promotor de Segurança do Estado na presença de advogados de defesa.
Os detidos no Cairo foram levados para dois quartéis das forças de segurança no leste da capital e os advogados que se deslocaram para aquele local ainda não tiveram acesso aos clientes, segundo Gamal Eid.
"É um local de detenção ilegal e isso é contra a lei", disse o advogado de direitos humanos, cuja ONG conseguiu verificar os nomes de mais de 70 detidos.
Segundo a Rede Árabe, cerca de 150 jovens que foram presos na Praça Tahrir, no Cairo, e arredores, foram entregues ao Ministério Público de Segurança e serão levados à justiça.
Eid disse que as organizações que estão a auxiliar os detidos estimam que mais de 250 pessoas estão presas em todo o Egito, de acordo com queixas de familiares e verificações de advogados em esquadras e locais de detenção.
O Centro Egípcio de Direitos Económicos e Sociais publicou hoje uma lista de 274 pessoas, identificadas, com nomes e sobrenomes, cuja detenção foi denunciada, embora os advogados da ONG não tenham conseguido descobrir sua situação legal até o meio-dia de hoje.
As autoridades egípcias não fornecem dados sobre as pessoas detidas desde a noite de sexta-feira, quando ocorreram protestos no centro do Cairo e em outras cidades do país para exigir a renúncia do Presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi
Os protestos reuniram apenas algumas centenas de pessoas, mas são os primeiros de relevo registados desde 2016, num país onde as mobilizações de rua são estritamente proibidas.
Organizações locais e internacionais de direitos humanos denunciam que milhares de pessoas foram presas nos últimos anos por expressar opiniões críticas contra o Governo.
As manifestações foram convocadas por um empresário egípcio radicado em Barcelona, que recentemente denunciou uma alegada rede de corrupção no seio das Forças Armadas, de onde provém Al Sissi, e acusou diretamente o ex-marechal e outros generais.