Num comunicado na rede social Truth Social, Trump reiterou a sua decisão em nomear um procurador-geral que esteja alinhado com a sua agenda política, dizendo que ninguém melhor do que Pam Bondi para essa tarefa.
"Durante demasiado tempo, o Departamento de Justiça foi instrumentalizado contra mim e outros republicanos. Isso vai acabar. Pam Bondi vai reorientar o Departamento de Justiça para o seu verdadeiro propósito: combater o crime e tornar a América segura novamente. Conheço Pam há muitos anos; ela é inteligente, determinada e uma defensora da América em primeiro lugar. Será uma excelente procuradora-geral!".
A mulher que Trump diz conhecer bem é uma figura de longa data no círculo do agora Presidente eleito, depois de, na campanha presidencial de 2016, ter sido uma das suas primeiras apoiantes.
Bondi chegou a discursar na Convenção Nacional Republicana desse ano, onde defendeu fervorosamente o então candidato e criticou a adversária democrata, Hillary Clinton, incentivando os gritos da plateia que clamavam "Prendam-na!", numa referência à rival de Trump.
A nomeação de Bondi ocorre num momento crítico, já que o Departamento de Justiça é central para várias questões políticas e legais que envolvem Trump, incluindo os casos criminais contra ele e as investigações sobre os eventos de 6 de janeiro de 2021.
Após a vitória de Trump em 05 de novembro, Bondi integrou a sua equipa de transição para a Casa Branca.
Durante o primeiro mandato de Trump, o nome de Bondi foi apontado como potencial procuradora-geral, quando Jeff Sessions foi destituído em 2018, mas o Presidente republicano acabou por optar por William Barr.
Bondi manteve-se próxima de Trump, mesmo quando este saiu da Casa Branca, assumindo posições no 'think tank' "America First Policy Institute" e desempenhando um papel de relevo na equipa de defesa do republicano durante o seu primeiro julgamento de destituição, em 2020.
Bondi, 59 anos, natural de Tampa, Florida, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de procuradora-geral do estado, após ser eleita em 2010.
Antes disso, dedicou 18 anos ao gabinete do procurador do condado de Hillsborough, onde consolidou uma reputação de funcionária eficaz e determinada.
Apesar de ser uma figura relativamente desconhecida na política estadual, destacou-se ao obter o apoio da ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, durante as primárias.
Enquanto procuradora-geral da Florida, Bondi adotou uma postura combativa, tanto a nível estadual quanto federal, tendo sido uma das principais figuras na tentativa de revogar o Affordable Care Act, conhecido como Obamacare, e defendeu uma lei de imigração inspirada na controversa legislação do Arizona, conhecida por permitir que as autoridades pedissem documentos de imigração.
Durante os seus dois mandatos, Bondi destacou-se também pelo trabalho no combate ao tráfico humano.
Mas também se envolveu alguns casos polémicos, como quando teve de apresentar um pedido de desculpas público, em 2013, por ter tentado adiar a execução de um assassino condenado, por isso entrar em conflito com uma angariação de fundos para a sua campanha.
Após deixar o cargo de procuradora-geral estadual em 2019, Bondi entrou para a Ballard Partners, uma influente firma de lóbi com sede na Florida, onde representou clientes como a General Motors e o Governo do Qatar.
Paralelamente, Bondi manteve uma presença ativa nos 'media' conservadores, especialmente na estação televisiva Fox News, onde se tornou uma defensora de Trump e das suas políticas.
A nomeação de Bondi para o cargo de procuradora-geral será submetida à aprovação do Senado, onde os republicanos têm a maioria, e, apesar de algumas controvérsias, os aliados de Trump acreditam que Bondi terá uma confirmação mais tranquila do que Matt Gaetz alguma vez teria, depois de este se ter retirado da nomeação devido a investigações éticas e alegações de conduta imprópria.
Vários analistas políticos argumentam que Bondi poderá ser uma escolha estratégica para Trump, dado o seu perfil combativo e a sua lealdade incondicional.
O Departamento de Justiça, sob a liderança de Bondi, deverá focar-se em prioridades como o combate ao crime e a revisão de processos envolvendo apoiantes de Trump detidos após os motins no Capitólio em 06 de janeiro de 2021.
Se for confirmada, Pam Bondi herdará um Departamento de Justiça que tem sido um dos epicentros das divisões políticas nos Estados Unidos.
Os democratas temem que Bondi possa alinhar com os esforços de Trump para usar o sistema judicial como ferramenta política, enquanto os republicanos veem nela uma líder capaz de restaurar a confiança nas instituições e enfrentar os desafios da criminalidade no país.
Leia Também: Trump escolhe Pam Bondi para procuradora-geral após retirada de Gaetz