"Maior combate" é que dinheiro do Estado vá para cofres estatais

O candidato presidencial e atual Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, disse hoje, num comício em Lisboa, que o maior combate político do seu país é garantir que o dinheiro do Estado vá para os cofres estatais.

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Lusa
13/10/2019 22:28 ‧ 13/10/2019 por Lusa

Mundo

José Mário Vaz

"Foi um combate sério, o combate ao tráfico de droga na Guiné-Bissau [...], mas sobretudo, a forma como o dinheiro público não vai para os cofres do Estado é que é o maior problema e o maior combate político na Guiné-Bissau", afirmou José Mário Vaz, num comício a que os seus apoiantes preferiram chamar de encontro com a comunidade guineense em Portugal.

Num discurso em crioulo, que começou mais de três horas depois do previsto, José Mário Vaz apelou ao regresso dos emigrantes à Guiné-Bissau, "sem medo", e prometeu "paz, tranquilidade, estabilidade e liberdade" caso continuasse à frente dos destinos do país.

No auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, onde algumas centenas de emigrantes guineenses, vários trazidos de autocarro para o local, o ouviram, o atual Presidente da República da Guiné-Bissau disse que há quem chame ao desvio de dinheiro do Estado "corrupção", mas de uma forma "mais suave" preferiu falar de "dinheiro do Estado no cofre do Estado".

Porém, acrescentou: "se o dinheiro do Estado não vai no cofre do Estado, mão na lama funciona".

Três candidatos às presidenciais da Guiné-Bissau estiveram hoje em Lisboa em ações de campanha junto da comunidade guineense.

José Mário Vaz, atual Presidente, que concorre para a sua reeleição, Domingos Simões Pereira, antigo primeiro-ministro e candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e Umaro Sissoco Embaló, também antigo primeiro-ministro, acompanhado de Braima Camará, líder do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) que o apoia, apresentaram, assim, hoje, as suas propostas, na capital portuguesa, local de maior concentração de emigrantes guineenses.

Domingos Simões Pereira falou para centenas de emigrantes guineenses praticamente num local muito perto do seu adversário político, José Mário Vaz, no auditório da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Também hoje, num comício popular num bairro da Amadora, nos arredores de Lisboa, Umaro Sissoco Embaló disse que se for eleito Presidente, os guineenses voltarão a ter o respeito em Portugal e sentirão o orgulho do seu país.

Perante cerca de duas mil pessoas, Umaro Embaló afirmou que consigo na Presidência da Guiné-Bissau os "guineenses terão total respeito em Portugal".

"Se eu for Presidente todos os guineenses na diáspora terão o orgulho de serem cidadãos daquele país", observou Umaro Sissoco Embaló, candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15).

Sem se referir de forma explícita ao também candidato Domingos Simões Pereira, Embaló respondeu às afirmações daquele sobre o facto de viajar em jatos particulares, para dizer que utiliza aqueles aparelhos que lhes são emprestados pelos amigos.

Domingos Simões Pereira e Umaro Embaló têm estado em acesas trocas de palavras quanto ao tráfico de drogas na Guiné-Bissau.

O candidato do Madem-G15 sublinhou que viajar em jatos particulares não quer dizer que esteja isento de fiscalização nos países por onde passa e destacou que os aparelhos são alvos de "revistas minuciosas".

Embaló responsabilizou o PAIGC, liderado por Simões Pereira, que o apoia nas presidenciais de 24 de novembro, de estar a "mentir ao povo guineense" quando aquele partido afirma ter sido autor da captura das cerca de duas toneladas de cocaína, no início do mês de agosto último.

"O PAIGC sabe mais é de onde veio aquela droga. Eles é que trouxeram aquela droga que foi apanhada pelas polícias internacionais em colaboração com a nossa Polícia Judiciária", sustentou o candidato do Madem-G15.

Umaro Embaló afirmou que na Guiné-Bissau "já não se sabe quem é o primeiro-ministro, se é o Aristides Gomes ou Domingos Simões Pereira".

Umaro Sissoco Embaló desmentiu que tenha "qualquer pretensão sequer" de transformar a Guiné-Bissau num estado islâmico "como muitos dos adversários insistem em dizer", considerando impossível que isso aconteça.

Entre os 19 candidatos às eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro próximo, candidaturas ainda por validar pelo Supremo Tribunal, estão Domingos Simões Pereira, candidato pelo PAIGC (partido vencedor das eleições legislativas), Umaro Sissoco Embaló, José Mário Vaz e o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, ambos como independentes, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que é apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS).

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