Durante meses foram planeadas respostas à decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal de condenar nove políticos catalães, que prepararam e executaram o referendo independentista a 1 de outubro de 2017, a penas de prisão que vão dos 9 a 13 anos.
Poucos minutos depois de se ouvir a decisão dos magistrados, na segunda-feira, os processos começaram, prometem continuar esta terça-feira e, provavelmente, nos próximos dias.
Tem havido bloqueios de estradas, manifestações ou ocupações estratégicas como foi o caso do que ocorreu no aeroporto de Barcelona, onde mais de 100 voos foram cancelados.
Antes das 14h00 de ontem, o terminal 1 estava em colapso, conta o El Mundo, era impossível chegar de carro, o metro e o comboio tinham parado de funcionar e vários voos estavam em risco de ser cancelados, porque os membros da tripulação não conseguiam chegar ao aeroporto.
O governo espanhol enviou membros da polícia nacional para reforçar a segurança do terminal El Prat, mas alguns manifestantes montaram barricadas com carrinhos de transporte de bagagens, houve lançamento de extintores de incêndio contra a polícia, usaram as mangueiras dos bombeiros, destruíram as câmaras de segurança e lançaram do primeiro andar várias barras de ferro que cobriam a fachada do edifício. Os Mossos d'Esquadra chegaram a recorrer a balas de borracha para dispersar a multidão.
Segundo o El Periodico, foram feitas 131 assistências médicas durante a segunda-feira. Destas, 115 foram no terminal 1 do Aeroporto de El Prat, com 24 pessoas a acabarem a ser transportadas para o hospital. Foram 78 as pessoas que ficaram feridas nos protestos contra a sentença em Barcelona.
Nas ruas os manifestantes exibiam cartazes a pedir "Liberdade para os presos políticos" e em frente à sede da Òmnium Cultura (encabeçada por Jordi Cuixart, um dos sentenciados no processo), uma multidão gritava "Fá-lo-emos novamente!", um slogan utilizado por defensores do separatismo que apoiam um novo referendo.
Por seu lado, o governo espanhol, pela voz da ministra do Trabalho e Segurança Social, relembrou que "a Catalunha faz parte de Espanha, que é um país com um Estado de direito e onde as sentenças devem ser acatadas" e que esperam que a situação se "tranquilize nos próximos dias".
Mas já durante a manhã desta terça-feira os manifestantes cortaram o trânsito nas estradas em Barcelona e Girona, queimando pneus e madeira em protesto contra a condenação.
Recorde-se que a pena mais pesada foi para Oriol Junqueras, o antigo vice-presidente da Generalitat (governo regional) que foi condenado a 13 anos por sedição e desvio de fundos públicos.