A esperança de Boris Johnson sair da UE com um acordo a 31 de outubro sofreu um grande golpe esta manhã, após os unionistas democráticos da Irlanda do Norte (DUP) comunicarem "não poder apoiar" o plano para a saída do Reino Unido da União Europeia desenhado por Boris Johnson. A decisão surge ao mesmo tempo que o primeiro-ministro se dirige para Bruxelas para a cimeira europeia dominada pelo Brexit, que se inicia na tarde desta quinta-feira.
Ao longo do dia de ontem, responsáveis dos dois lados foram dando conta de grandes progressos nas discussões com vista a uma saída 'ordenada' do Reino Unido da União Europeia em 31 de outubro próximo, considerando mesmo que um acordo poderia estar iminente, uma perceção que ao final da noite ainda não se tinha traduzido no texto jurídico de que os chefes de Estado e de Governo dos 27 necessitam para dar o seu aval.
Mas na manhã desta quinta-feira, Arlene Foster e Nigel Dodds, os líderes do DUP anunciaram que não poderiam apoiar o plano na integra.
"Estivemos envolvidos em discussões com o governo. Da forma como as coisas estao dispostas, não podemos apoiar o que está a ser sugerido sobre questões alfandegárias e de consentimento, e há uma falta de clareza sobre o IVA", disseram em comunicado citado pela Sky News.
"Continuaremos a trabalhar com o governo para tentar conseguir um acordo sensato que funcione para a Irlanda do Norte e proteja a integridade económica e constitucional do Reino Unido", rematam.
Nos últimos dias, Johnson manteve negociações com Foster para conseguir uma forma de superar os pontos mais difíceis, mas não se conhecem os detalhes da negociação. De acordo com a imprensa britânica, o primeiro-ministro Boris Johnson propõe que o Reino Unido saia da união aduaneira, mas que a Irlanda do Norte mantenha alinhadas as normas alfandegárias com a União Europeia em determinados setores, tal como a agricultura. A proposta, alegadamente, prevê também que os nacionalistas e unionistas da Irlanda do Norte possam rever os acordos fronteiriços de quatro em quatro anos.
Qualquer acordo fechado não só terá de ter o acordo do governo britânico e de todos os estados membros da UE, mas também terá que satisfazer as facções díspares no parlamento suficientes para que seja aprovado na Câmara dos Comuns.
A data chave para Boris Johnson é 19 de outubro (sábado), devido à legislação passada pelos deputados para impedir uma saída sem acordo, pois caso até sábado os deputados não aprovem um acordo de saída ou explicitamente autorizem uma saída sem acordo, o primeiro-ministro é obrigado a pedir à União Europeia uma extensão de três meses para o período negocial do Artigo 50 - 31 de janeiro de 2020.
[Notícia atualizada às 08h]