"Não é um exagero. Quem o diz são os próprios assessores do Papa", afirmou, citado pela EFE, o autor da obra 'Giudizio Universale' (julgamento universal), hoje apresentada.
O novo livro de Gianluigi Nuzzi publica uma parte do relatório escrito pelo Conselho de Economia em maio de 2018, na qual se pode ler que existe uma renovada "preocupação pelo défice que afeta a Santa Sé" e se considera que se deve informar o Papa Francisco sobre o défice ser "recorrente e estrutural" e que alcançou "níveis preocupantes, com o risco de causar insolvência na ausência de ações urgentes".
Nuzzi, que também é autor das obras 'Vía Crucis' e 'Su Santidad', explicou à EFE que foi criado um "pequeno comité para resolver a situação e salvar o Vaticano em cinco ou seis anos, mas os dados pioraram".
A Administração do Património da Sede Apostólica (APSA), que gere os bens e propriedades romanos, "em maio/junho de 2019, apresentou pela primeira vez na história, um exercício com dados negativos, com um resultado operacional de menos 27% e um resultado financeiro de menos 67%", sublinha o autor.
O livro 'Giudizio Universale' também se centra na gestão do 'Óbolo de San Pedro', o fundo a que se destinam as doações dos fiéis para obras de caridade, e que é também o protagonista do último escândalo e investigação no Vaticano pela sua utilização irregular.
O autor destaca que as contas deste fundo não se publicam há vários anos devido à sua considerável diminuição e em especial, pela sua utilização. "Antes, dois em cada dez euros iam para os pobres, agora apenas vai um", disse o jornalista, acrescentando que 58% vai para as despesas do Vaticano.
Dos 101 milhões de euros de doações arrecadados em 2006 do Óbolo, em 2018 passaram para 51 milhões.
Ao longo do livro são citados alguns 'buracos' nas finanças do Vaticano, como as contas secretas milionárias de cinco cardeais da APSA.
O livro também revela "falhas importantes na segurança do Papa", de acordo com um relatório encomendado em 2014 ao Ministério do Interior de Espanha.