Dirigindo-se aos manifestantes durante uma conferência de imprensa no final de uma reunião extraordinária do governo, Hariri afirmou: "a vossa voz é ouvida e se exigem eleições antecipadas (...) eu Saad Hariri estou pessoalmente com vocês".
As últimas legislativas realizaram-se em maio de 2018.
O primeiro-ministro afirmou ainda que a adoção de importantes reformas pelo seu governo não pretende ser parte de "uma negociação" e que o objetivo do executivo não é pedir aos contestatários que "deixem de se manifestar" e "expressar a sua raiva".
Na reunião extraordinária do governo foram aprovadas uma série de reformas, atrasadas ou bloqueadas devido às divisões na coligação governamental, e o orçamento para 2020.
"Dei aos parceiros do governo um prazo para implementar um mínimo de medidas essenciais e necessárias", disse o primeiro-ministro na conferência de imprensa.
Prometeu um "orçamento de 2020 sem novos impostos para a população" e um défice de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
Anunciou ainda uma diminuição em 50% dos salários do presidente e dos ex-presidentes, dos ministros e deputados, assim como novos impostos sobre os bancos.
Na sexta-feira, Hariri tinha dado 72 horas aos membros da coligação governamental para apoiarem as reformas económicas em curso e no sábado o líder do Partido das Forças Libaneses, Samir Geagea, anunciou a saída deste movimento do governo, onde participava com quatro ministros.
O governo de unidade nacional de Hariri inclui representantes de 12 partidos ou movimentos e um ministro independente. No domingo, os principais partidos libaneses aceitaram as reformas propostas pelo chefe do executivo.
O movimento de contestação desencadeado na quinta-feira, que tem levado milhares de pessoas às ruas, exige a saída do conjunto da classe política considerada incapaz de encontrar soluções para a grave crise económica e social no Líbano.
A dívida do país ascende a mais de 86 mil milhões de dólares (77 mil milhões de euros), 150% do PIB.
O detonador destes protestos foi a decisão do Governo de impor novos impostos, no quadro do seu programa de austeridade, taxando, por exemplo, as chamadas e mensagens através da aplicação Whatsapp. Casos de corrupção e de má gestão governamental intensificaram os protestos.
Numa conferência internacional em abril de 2018, o país comprometeu-se a desenvolver reformas como contrapartida de empréstimos e doações no valor total 10,4 mil milhões de euros.