Empresa que detém navio suspeito de derramar petróleo nega envolvimento

A empresa responsável pelo navio grego Bouboulina, suspeito de ter provocado o derrame de petróleo que atinge a costa nordeste do Brasil, negou hoje qualquer responsabilidade por essa catástrofe ambiental, indicando que não havia "nenhuma prova" no tanque.

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Lusa
02/11/2019 17:55 ‧ 02/11/2019 por Lusa

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O navio, que ligava a Venezuela à Malásia, "chegou ao seu destino sem problemas durante a viagem e descarregou toda a sua carga sem perdas", afirmou, em comunicado, a sociedade gestora, Delta Tankers Ltd, sediada no Phalère, distrito costeiro de Atenas.

Na sexta-feira à noite, as autoridades brasileiras anunciaram que o navio Bouboulina era "o principal suspeito" do derrame de petróleo que atingiu mais de 2.000 quilómetros de costa no nordeste do Brasil.

No entanto, a investigação desenvolvida pela Delta Tankers Ltd revela que "não há evidências de derrame ou transferência de navio para navio ou atraso do Bouboulina durante a sua viagem entre a Venezuela e o porto da Malásia".

Neste âmbito, a empresa responsável pelo navio grego disse que está "pronta para entregar os documentos deste estudo às autoridades brasileiras", lamentando que, até ao momento, ainda não tenha sido contactada pelas autoridades brasileiras.

Fonte da polícia portuária grega, que é tutelada pelo Ministério da Marinha Mercante da Grécia, disse hoje que um total de "cinco navios, incluindo um grego, é considerado suspeito" pelo derrame de petróleo na costa nordeste do Brasil.

"Pesquisas realizadas no Brasil mostraram que cinco navios de diferentes países são suspeitos, incluindo um grego", disse à agência France-Presse um funcionário da assessoria de imprensa da polícia portuária, que pediu anonimato, sem adiantar os nomes dos navios e as empresas que os possuem.

O funcionário referiu, ainda, que "as autoridades gregas realizarão controlos escrupulosos se esses navios atracarem num porto do país".

Na sexta-feira, a Polícia Federal do Brasil cumpriu dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados a um navio grego suspeito de causar o derrame de petróleo que atinge a costa nordeste do país.

A ação faz parte da operação Mácula, organizada para apurar a origem e autoria do derrame de petróleo que já atingiu 286 praias em 98 cidades dos nove estados da região nordeste do país, segundo dados atualizados na última quinta-feira pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Em comunicado, a Polícia Federal afirma ter obtido a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 quilómetros da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada.

"A partir da localização da mancha inicial, cujo derrame se suspeita ter ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita, por meio do uso de técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos", informaram as autoridades da polícia.

"A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derrame investigado teria ocorrido nessa deslocação", acrescentaram no comunicado.

A polícia brasileira também destacou que o navio grego está vinculado, inicialmente, a uma empresa de mesma nacionalidade, porém ainda não há dados sobre a propriedade do petróleo transportado.

Os investigadores frisaram ainda que foram solicitadas buscas em outros países através de mecanismos de cooperação internacional para obter dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e a empresa responsável.

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