EUA vão suavizar posição sobre colonatos israelitas na Cisjordânia

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, deverá anunciar hoje que os Estados Unidos vão suavizar a sua posição sobre os colonatos de Israel na Cisjordânia, em mais uma manobra para enfraquecer as aspirações palestinianas.

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Lusa
18/11/2019 20:23 ‧ 18/11/2019 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Segundo notas de estratégia política a que teve acesso a agência noticiosa Associated Press, Mike Pompeo planeia repudiar uma posição do Departamento de Estado norte-americano, de 1978, segundo a qual os colonatos civis nos territórios ocupados são "inconsistentes com o Direito Internacional".

O anúncio desta decisão não agradará aos palestinianos e colocará os EUA desalinhados com outros países que têm procurado soluções de consenso no conflito entre Israel e a Palestina.

O parecer jurídico de 1978 sobre colonatos é conhecido como Memorando Hansell e, durante mais de 40 anos, tinha sido a base de oposição cuidadosamente formulada pelos EUA à construção de novos colonatos, que variaram em tom e força, dependendo da posição do Presidente em exercício.

A Casa Branca considerará a partir de agora que as questões legais sobre a matéria dos colonatos na Cisjordânia devem ser tratadas pelos tribunais israelitas, desaparecendo qualquer obstáculo diplomático para que os EUA se oponham a uma expansão dos territórios ocupados por Israel.

"Considerar o estabelecimento de colonatos civis inconsistente com o Direito Internacional não avançou a causa da paz", escreveu o chefe da diplomacia norte-americana, nas notas a que a Associated Press teve acesso.

"A dura verdade é que nunca haverá uma solução judicial para o conflito. Argumentos sobre quem está certo e quem está errado, por uma questão de Direito Internacional, não trarão a paz (à região)", acrescentou Mike Pompeo nas notas que servirão de base ao anúncio de mudança de posição política esperado para hoje.

Pompeo deverá dizer, contudo, que os EUA não se pronunciarão sobre a legalidade de colonatos específicos e que a nova política não se estenderá além da Cisjordânia, para não criar um precedente para outras disputas territoriais.

O secretário de Estado também deverá dizer que a decisão não significa que o governo dos EUA queira prejudicar o estatuto da Cisjordânia, em qualquer eventual acordo de paz entre israelitas e palestinianos.

Mas esta não será a primeira vez que os EUA enfraquecem a posição palestiniana.

Ainda este ano, Donald Trump disse reconhecer Jerusalém como capital de Israel, deslocando a embaixada dos EUA para essa cidade e mandando encerrar o escritório diplomático da Palestina em Washington.

A decisão do abandono da posição tradicional sobre os colonatos pode ser apenas simbólica, mas dará certamente um impulso às ambições do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que luta pela sobrevivência política, depois de ter falhado na tentativa de investir um Governo de coligação após as recentes eleições legislativas.

Por outro lado, a decisão norte-americana poderá colocar novos problemas para o plano de paz muitas vezes prometido pela Casa Branca, que agora dificilmente obterá apoio internacional, por endossar uma posição contrária ao consenso global.

A nova posição dos EUA surge uma semana depois de o Tribunal de Justiça Europeu ter determinado que os produtos fabricados em colonatos israelitas devem ser rotulados como tal, o que foi prontamente elogiado pela Organização de Libertação da Palestina (OLP) e criticado pelo Governo de Israel, com a solidariedade da Casa Branca.

 

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