O processo, muito aguardado, que decorre no tribunal de Sidi M'hamed, no centro de Argel, tinha sido adiado na segunda-feira, a data prevista para o seu início. A defesa referiu que boicotaria o recomeço dos trabalhos ao denunciar uma justiça "politizada" e um clima de "ajuste de contas".
"As condições neste local não permitem aos advogados cumprirem as suas missões e informo que a defesa decidiu boicotar o processo", explicou hoje a causídica Mohamed Madjdoub ao juiz, em nome dos advogados de defesa.
O juiz pediu-lhes para se retirarem do local e decidiu prosseguir o julgamento.
Este processo é o primeiro na sequência dos vastos inquéritos sobre presumíveis casos de corrupção, desencadeados após a demissão em abril do Presidente Abdelaziz Bouteflika, após a pressão do inédito movimento 'Hirak' de contestação do regime, e após 20 anos na chefia do Estado.
Os indiciados são perseguidos por atos de corrupção e favoritismo na indústria de montagem de veículos.
No banco dos réus estão dois antigos primeiros-ministros de Bouteflika, detidos desde junho: Ahmed Ouyahia, quatro vezes chefe de governo entre 1995 e 2019, incluindo três vezes sob a Presidência de Abdelaziz Bouteflika, e Abdelmalek Sellal, que dirigiu o governo de 2014 a 2017.
Desde a sua independência em 1962, é a primeira vez que estão a ser julgados na Argélia antigos chefes de governo.