A informação foi transmitida em declarações à agência Lusa, na quarta-feira, pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, que explicou que esta segunda fase do projeto Cidade Segura é financiada integralmente, ao nível dos equipamentos e serviços tecnológicos, pelo Governo da China.
"A videovigilância é a parte mais visível, mas [o projeto Cidade Segura] não se resume à videovigilância. Para mim, a parte mais importante do projeto é aquilo que traduz em termos de reforço da cooperação das ações da Polícia Nacional", sublinhou o governante.
A segunda fase, lançada oficialmente esta semana, prevê um reforço do sistema em funcionamento na Praia (ilha de Santiago, Sul) desde junho de 2018 com cerca de 300 câmaras de videovigilância, e o alargamento à área da cidade do Mindelo (300 novas câmaras), na ilha de São Vicente, às cidades de Espargos e Santa Maria (total de 112 novas câmaras), na ilha do Sal, e à cidade de Sal Rei (60 novas câmaras), na ilha da Boa Vista.
"Estimamos que em oito a nove meses teremos todo o sistema instalado", disse o ministro.
Toda a componente tecnológica do projeto é garantida pela multinacional chinesa Huawei, cabendo ao Estado cabo-verdiano a construção, com verbas do Orçamento do Estado, dos centros de comando -- que operam, com agentes da polícia, a rede de videovigilância - em São Vicente (em curso), no Sal (obra a lançar) e na Boa Vista (adaptação das instalações já existentes).
"Através do centro de comando passamos a ter uma unidade com efetivos dedicados à gestão das ocorrências, dia a dia, no momento em que elas acontecem", sublinhou Paulo Rocha, explicando que a partir destes centros passa a ser garantida toda a comunicação com os agentes da Polícia Nacional no terreno.
Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de uma terceira fase do projeto Cidade Segura, Paulo Rocha não afastou a hipótese.
"Se essa oportunidade surgir, e estamos a trabalhar para que se concretize, desde logo estamos a pensar em Santiago Norte, começaríamos por Santa Catarina", apontou.
"Estamos a trabalhar para que assim seja, esperemos é ter sorte e financiamento. E capacidade diplomática para, no âmbito daquilo que é a relação de amizade que nos temos com a China, podermos estender a essa região do país, que também é importante em termos de criminalidade", admitiu Paulo Rocha.
A Lusa noticiou na terça-feira que o Governo chinês vai financiar com 11,8 milhões de euros a segunda fase do projeto Cidade Segura, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros, de 02 de dezembro, autorizando o ministro da Administração Interna a assinar o contrato de fornecimento de bens e serviços.
Este contrato foi feito no valor de 92,5 milhões de yuans (11,8 milhões de euros), conforme previsto no acordo por trocas de notas de 20 de maio 2018, "no qual o Governo chinês concordou financiar e implementar o projeto" nesse valor, lê-se na resolução, a que a Lusa teve acesso.
"Subjacente à concretização do projeto está uma importante relação de cooperação entre o Governo de Cabo Verde e o Governo da China", acrescenta a resolução, que refere ainda que, ao abrigo do acordo celebrado, seriam indicadas à parte cabo-verdianas empresas chinesas em condições de serem contratadas.
A proposta da multinacional chinesa de telecomunicações Huawei foi a "financeiramente mais vantajosa", lê-se ainda.
Dados avançados pela Polícia Nacional em julho último indicam que o sistema de videovigilância instalado há mais de um ano na cidade da Praia, no âmbito deste projeto, previne entre 40 e 50 crimes por mês.
O sistema, suportado por 300 câmaras em vários pontos da cidade, funciona durante 24 horas e é operado por 32 agentes policiais, com turnos de seis horas cada.