Olga Tokarczuk recordou hoje, em Estocolmo, na conferência de imprensa que antecede a palestra do Nobel da Literatura, marcada para sábado, que pertence "à geração que cresceu depois da transformação de 1989 [ano da queda do muro de Berlim e consequente final dos regimes do chamado Bloco de Leste], que "tinha a sensação que era o fim da política que interferia na vida privada das pessoas".
"Mas parece que estávamos errados. Hoje, 30 anos depois, a política está a intrometer-se na vida privada das pessoas", afirmou a escritora, através de um tradutor, citada pela agência Associated Press.
Nascida na cidade polaca de Sulechów, em 1962, filha de dois professores, Olga Tokarczuk formou-se em psicologia e publicou o seu primeiro livro em 1989, uma coletânea de poesia.
Olga Tokarczuk é autora de obras assentes no passado do seu país e tem sido duramente criticada pela direita, na Polónia, tendo já sido ameaçada de morte e obrigada a ter proteção de guarda-costas, contratado pela sua editora local.
Aquela que, para a Academia Sueca, responsável pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura, é a "grande obra" da escritora até ao momento é o "impressionante" romance histórico "Os Livros de Jacob", publicado em 2014 e ainda sem edição em português.
Em Portugal encontram-se apenas publicados 'Viagens' e 'Conduz o Teu Arado Sobre os Ossos dos Mortos'.
Na segunda-feira, a escritora polaca anunciou que vai criar uma fundação para promover a literatura, bem como os Diretos Humanos e a consciencialização ambiental.
A vencedora do Nobel da Literatura 2018 tornou público que irá doar 350 mil zlotys (cerca de 81 mil euros) à Fundação Olga Tokarczuk, que oferecerá apoio indiscriminado a escritores e autores polacos e estrangeiros. A fundação irá também promover os direitos das mulheres e das minorias.
Na altura, Olga Tokarczuk disse sentir-se feliz por ainda se sentir jovem e poder usar a distinção com o objetivo de fazer "algo de bom para o mundo".
Olga Tokarczuk irá receber o prémio Nobel da Literatura 2018 na terça-feira.