A falta de gasolina, uma situação da qual Caracas parecia estar "protegida", está a afetar o trabalho diário dos taxistas que têm agora que andar à procura de combustível e têm que despender várias horas para poder encher as suas viaturas.
"Com a crise e o caro que está tudo, as pessoas usam cada vez menos os táxis, o que nos obriga a circular durante mais tempo para conseguir levar algum dinheiro para casa. Agora com a escassez de gasolina tudo se complica, temos que passar mais horas nas ruas", explicou um taxista à Agência Lusa.
José Ramón Martínez é taxista há quase 30 anos, estava numa bomba de gasolina de Los Palos Grandes, na fila, com a esperança de conseguir combustível suficiente para abastecer o seu táxi.
"Nunca tinha vivido tempos tão difíceis como agora" desabafa, explicando de imediato que esteve mais de uma semana sem trabalhar porque o carro estava avariado.
"A inflação está comendo tudo (o dinheiro). As peças para reparação são muito caras e há que pagar em dólares, os mecânicos nem sempre fazem bem o trabalho e passam dias para que nos entreguem os carros. As pessoas insistem em pedir 'rebajas' (descontos). Muitas perguntam os preços das viagens mas optam por ir de autocarro e agora falta a gasolina", desabafou.
Em La Castellana, Caracas, um outro taxista, Jesus Marcano, estava também na fila de uma estação de serviço, contrariado, questiona-se "como um país petrolífero, que deveria ter gasolina para exportar, tem problemas internos de abastecimento de combustível".
"O diabo tomou conta deste país, cada vez nos afundamos mais e parece que não há um fundo. Antes de chegar aqui, passei por umas 6 ou 7 bombas que estavam fechadas, sem gasolina. E, por outras cinco que tinham ainda filas maiores. Achei que estava perdendo o tempo e meti-me na fila", disse à Agência Lusa.
A imprensa venezuelana dá conta de que pelo além de Caracas (Distrito Capital), outros 16 Estados estão com problemas de abastecimento de combustível, principalmente em Zúlia, Bolívar e Lara, onde os automobilistas queixam-se de que passam noites e dias em fila para abastecer as viaturas, correndo o risco de que a gasolina acabe antes de serem atendidos.
Segundo a imprensa local a Venezuela tem 7 refinarias de gasolinas mas apenas duas estão operacionais, trabalhando a capacidade reduzida, o que obriga a depender da importação de combustível, o que também é difícil porque as transportadoras querem evitar as sanções impostas pelos EUA.