Os resultados das legislativas de quinta-feira
O Partido Conservador (Tory) obteve a maior vitória dos últimos 30 anos elegendo 365 dos 650 membros da Câmara dos Comuns, mais 47 que na anterior legislatura, segundo os resultados oficiais divulgados pela BBC.
O Partido Trabalhista (Labour), principal partido da oposição, conheceu a maior derrota do pós-guerra, elegendo 203 deputados (menos 59).
A terceira força política é o Partido Nacionalista Escocês (SNP), que elege 48 deputados (mais 13) dos 59 a que a Escócia tem direito na Câmara dos Comuns, seguido dos Liberais-Democratas, que elegeram 11 deputados (menos 1).
Os Verdes, que não estavam representados na Câmara dos Comuns cessante, elegeram um deputado.
Apoio indiscutível ao Brexit
Três anos depois do referendo que, por curta margem, aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), os resultados destas legislativas mostram uma vontade inequívoca dos britânicos de avançar com o 'Brexit'.
Essa era a promessa de Boris Johnson, enquanto o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, se propunha renegociar o acordo de saída e fazer um novo referendo e os Liberais-Democratas apostavam na permanência na União.
"Concretizar o 'Brexit' é agora a decisão irrefutável, inevitável e indiscutível decisão do povo britânico", que "vai pôr fim a todas as lamentáveis ameaças de um segundo referendo", disse boris Johnson no discurso de vitória.
Consequências políticas internas a curto prazo
Boris Johnson referiu-se aos resultados destas legislativas como "um tremor de terra" que vai redesenhar a paisagem política britânica.
Para o líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn, o resultado é "muito dececionante" e é altura de se afastar da liderança, mas só após um período de reflexão interna.
"Quero tornar claro que não vou liderar o partido em nenhumas futuras eleições. Vou discutir com o partido para garantir que existe um processo de reflexão sobre este resultado e sobre as políticas que vai manter no futuro. E vou liderar o partido durante esse período", disse.
Para os pró-UE, a derrota é também evidente. Os Liberais-Democratas perderam um assento na Câmara dos Comuns, e a líder do partido, Jo Swinson, não foi reeleita.
"Como é óbvio, o resultado de hoje é extremamente dececionante", disse Jo Swinson, que se demitiu da liderança.
Entre os vencedores está o Partido Nacionalista Escocês (SNP), que depois de uma campanha anti-'Brexit' e prometendo fazer um novo referendo sobre a independência, reforçaram a sua presença no parlamento, elegendo 48 deputados, mais 13 que na anterior legislatura.
União Europeia pronta para avançar
Dez meses depois de o então presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ter dito que sofria de "'Brexit' fatigue" (cansaço de 'Brexit'), Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, reagiu hoje aos resultados da eleição no Reino Unido afirmando que os 27 estão "prontos para passar à próxima fase", ou seja, a da difícil negociação da relação futura com Londres.
Charles Michel fez questão de frisar que espera "uma ratificação rápida pelo parlamento britânico" do acordo de saída, para que seja possível "lançar com serenidade e tranquilidade, mas com grande determinação, a negociação sobre a próxima fase".
Reunidos em cimeira em Bruxelas, os dirigentes dos 27 devem encarregar ainda hoje Michel Barnier de negociar a futura relação comercial entre a UE e o Reino Unido.
Uma relação estreita, equilibrada e ambiciosa
Michel Barnier, que liderou a equipa europeia que negociou o acordo de saída, já fez saber que a UE "está e estará sempre disponível para uma relação [comercial] mais estreita e mais ambiciosa".
Mas a tarefa não será fácil.
"É preciso "desfazer o 'tricot' das relações geradas durante 45 anos", através de uma série de novas negociações em muitas áreas, que serão abertas no dia seguinte à ratificação do tratado do 'Brexit'", disse em novembro em entrevista à Lusa.
"Não se fará tudo num ano", o prazo até terminar o período de transição, a 31 de dezembro de 2020, durante o qual as regras europeias vão continuar a vigorar.
O acordo que vier a ser alcançado vai exigir a ratificação por unanimidade dos 27 parlamentos nacionais, pelo que será indispensável, para os 27, que sejam baseados num equilíbrio de direitos e obrigações e garantam regras concorrenciais equitativas.