Governo escocês vai publicar argumentos que permitam novo referendo

A primeira ministra da Escócia anunciou hoje que o Governo escocês vai publicar na próxima semana os argumentos democráticos para uma transferência de poderes que permita a realização de um referendo sobre a independência da região.

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Lusa
13/12/2019 13:15 ‧ 13/12/2019 por Lusa

Mundo

Reino Unido

Numa conferência de imprensa em Edimburgo, Nicola Sturgeon, que é também líder do partido nacionalista escocês (SNP), reiterou que o resultado das eleições britânicas de quinta-feira "renova e reforça o mandato" do SNP para "dar aos escoceses uma escolha para o futuro".

"Dado o veredicto de ontem [quinta-feira], o Governo da escócia vai publicar na próxima semana os argumentos democráticos detalhados de uma transferência de poder para permitir um referendo sobre independência que possa ser realizado sem hipótese de ser juridicamente questionável", afirmou.

O SNP, que nas últimas semanas fez campanha contra o 'Brexit' e pela realização de um segundo referendo sobre a Independência da Escócia, elegeu na quinta-feira 48 deputados, das 59 circunscrições escocesas no Parlamento britânico, mais 13 do que nas últimas eleições.

Hoje, Nicola Sturgeon insistiu que um referendo deve ser responsabilidade de um governo da Escócia, que não deve ser obrigado a "pedir a Boris Johnson ou a qualquer outro primeiro-ministro de Westminster permissão para fazer o referendo", como está previsto na lei.

"Se a Escócia se torna ou não independente depende da vontade das pessoas que vivem aqui, e sublinho, todos os que vivem aqui, independentemente de onde vêm", afirmou.

"Não é uma exigência minha ou do SNP. É o direito do povo da Escócia e você, como líder de um partido derrotado na Escócia não tem o direito de ficar no caminho", disse a líder escocesa, dirigindo-se a Boris Johnson.

"O povo da escócia falou, é altura de decidir o nosso futuro", acrescentou.

No seu discurso, a primeira ministra escocesa afirmou que as eleições de quinta-feira permitem confirmar que "a grande maioria das pessoas na Escócia quer ficar na União Europeia", uma decisão expressa no referendo de 2016, reforçada nas eleições de 2017 e nas Europeias deste ano e "enfaticamente confirmada" na noite de quinta-feira.

"Westminster ignorou o povo da Escócia por mais de três anos. Ontem o povo da Escócia disse já chega. É hora de o Governo de Boris Johnson ouvir", disse Sturgeon.

"[O primeiro-ministro] tem um mandato para o 'Brexit' em Inglaterra, mas não tem qualquer mandato para tirar a Escócia da UE. Se insistir vai agredir o princípio na base da constituição do Reino Unido. A ideia de que a União é uma parceria de nações iguais".

Depois de agradecer ao povo da Escócia, Nicola Sturgeon dirigiu uma mensagem aos cidadãos europeus residentes no país: "Estou muito ciente de que para vocês será o dia mais difícil desde o dia a seguir ao referendo do 'Brexit'. Quero dizer-vos que nós valorizamos-vos e eu lutarei com tudo que tenho pelo vosso direito de chamar à Escócia o vosso lar".

No primeiro referendo sobre a independência da Escócia, em 2014, 55% dos eleitores, incluindo estrangeiros residentes no país, escolheram rejeitar uma Escócia independente.

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