Charles Blé Goudé disse que a justiça marfinense o condenou, à revelia, a "20 anos de prisão, a dez anos de privação dos direitos cívicos e a pagar 200 milhões de francos CFA (300 mil euros) de indemnização às vítimas", de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).
Blé Goudé vive atualmente em Haia, na Holanda, onde está em liberdade condicional após a absolvição, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em janeiro último, de crimes contra a Humanidade, na sequência das eleições de 2010.
O antigo governante disse estar "surpreendido com este veredito", pronunciado sem a presença de um advogado.
O antigo ministro foi acusado pelo tribunal criminal de Abidjan de "atos de tortura, assassínio voluntário e violação", indicaram os advogados do político, em 18 de dezembro passado, dia previsto para o início do julgamento.
Os advogados queixaram-se de uma "flagrante violação" dos direitos do cliente, devido à impossibilidade de Charles Blé Goudé assistir ao julgamento.
Blé Goudé foi transferido pelas autoridades da Costa do Marfim para o TPI em 2014. Juntamente com o ex-Presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, foi julgado por crimes contra a Humanidade.
Ambos foram absolvidos no início de 2019 e saíram em liberdade condicional.
Os dois homens eram acusados de crimes contra a humanidade: morte, violação, perseguição e outros atos desumanos que terão ocorrido no período pós-eleitoral, em 2010-2011, e em relação aos quais se declararam inocentes.
Os confrontos na Costa do Marfim causaram mais de três mil mortos em cinco anos.