Austrália: Incêndios mataram quase 500 milhões de animais desde setembro

Ecologistas da Universidade de Sydney temem que o número possa subir, uma vez que os meteorologistas alertam para novos picos de calor.

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© REUTERS/Jill Gralow

Anabela Sousa Dantas
02/01/2020 16:26 ‧ 02/01/2020 por Anabela Sousa Dantas

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Austrália

Desde o início da temporada de incêndios, morreram na Austrália 480 milhões de mamíferos, aves e répteis. Um resultado alarmante da vaga de incêndios descontrolados que deixaram já mais de 1.300 casas reduzidas a cinzas e 5,5 milhões de hectares queimados.

Os ecologistas da Universidade de Sydney fizeram aquela estimativa de perdas mas com a ressalva de que o número é temporário, uma vez que os estados de Victoria e de Nova Gales do Sul continuam a ser fustigados pelos fogos - na quarta-feira havia 130 focos de incêndio ativos nos dois estados - e há avisos meteorológicos para um novo pico de calor no próximo sábado.

Entretanto, nas redes sociais têm abundado as imagens de coalas sedentos, de cangurus a fugir em manada à ameaça de fogo, ou mesmo dos cadáveres queimados a cair das árvores.

De acordo com o news.com.au, os animais nativos mais afetados são, precisamente, os coalas porque movem-se mais devagar que os outros animais e comem apenas folhas de eucalipto, que têm óleo, ou seja, são altamente inflamáveis. Cerca de oito mil coalas, um terço de todo a população destes mamíferos em Nova Gales do Sul, terão morrido nos últimos quatro meses. E estes são apenas as vítimas em Nova Gales do Sul, pois há outros estados afetados, mas ainda sem estimativa de perdas.

Esta crise sem precedentes provocou protestos para exigir ao Governo medidas imediatas contra o aquecimento global, que os cientistas dizem ser a causa destes incêndios, mais longos e mais violentos do que nunca. "Os fogos ardem com tanta intensidade e tão rápido que há mortalidade significativa entre os animais que estão nas árvores, mas há uma área grande que continua a arder de tal forma que provavelmente nunca iremos encontrar os cadáveres", disse o ecologista Mark Graham, do Conselho de Conservação da Natureza, ao parlamento.

Mark Graham dirigia-se às autoridades políticas de Nova Gales do Sul no mês passado, quando foi levada a cabo uma audição urgente por causa da destruição "sem precendentes" da população de coalas.

Tracy Burgess (na imagem de capa, com um gambá ferido), uma voluntária dos Serviços de Informação, Resgate e Educação para a Vida Selvagem (WIRES), manifestou à Reuters a mesma preocupação que Mark Graham. "Não estamos a receber muitos animais para receber tratamento. Portanto, o nosso medo é que eles não são resgatados porque, basicamente, já não existem", afirmou.

"O impacto [dos incêndios] em muitas espécies é extremo e ainda não terminou. A inteira dimensão das perdas provavelmente nunca será conhecida, mas estará com certeza no patamar dos milhões", indicou na semana passada a governadora de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian.

Tanto a WIRES como outras organizações dedicadas à fauna e flora naqueles estados australianos recebem ajuda estatal, mas limitada, dependendo agora das doações do público.

Recorde-se que, desde setembro, os incêndios na Austrália já provocaram a morte de pelo menos 18 pessoas, mas o balanço poderá subir, já que as autoridades de Victoria avisaram hoje que há 17 pessoas desaparecidas naquele Estado.

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