O Irão anunciou, este domingo, através da televisão estatal, que vai deixar de cumprir o acordo nuclear alcançado em 2015, avança a Associated Press. O país também já não vai cumprir os limites estabelecidos ao enriquecimento de urânio, acrescenta a Reuters.
Na mesma nota, o governo iraniano assegura que a cooperação com a AIEA irá manter-se, com as autoridades do Irão a garantirem que vão continuar a permitir as inspeções de especialistas daquele organismo.
A AIEA tem como missão verificar o cumprimento do acordo nuclear e a implementação do Tratado de Não Proliferação e dos acordos de controlo do programa atómico do Irão.
As autoridades iranianas adiantaram ainda que regressarão aos seus compromissos nucleares se forem levantadas as sanções.
Também hoje, o parlamento do Iraque votou favoravelmente à expulsão dos militares norte-americanos do país. Esta resolução, de acordo com a Associated Press, quer colocar um ponto final no acordo com Washington, que levou tropas norte-americanas ao Iraque para ajudar a combater o Estado Islâmico.
A votação, que ocorreu este domingo, teve lugar dois dias depois de uma ofensiva dos Estados Unidos que levou à morte do general iraniano Qassem Soleimani, em solo iraquiano. Este acontecimento levou à escalada da tensão no Médio Oriente.
Recorde-se que Donald Trump já advertiu Teerão que os Estados Unidos identificaram 52 locais no Irão e que os atacarão "muito rapidamente e duramente" se a República Islâmica atacar pessoal ou alvos americanos.
Alguns desses locais iranianos "são de muito alto nível e muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana", precisou Donald Trump numa mensagem da sua conta da rede social Twitter.
....targeted 52 Iranian sites (representing the 52 American hostages taken by Iran many years ago), some at a very high level & important to Iran & the Iranian culture, and those targets, and Iran itself, WILL BE HIT VERY FAST AND VERY HARD. The USA wants no more threats!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 4, 2020
O Plano Conjunto de Ação (ou Joint Comprehensive Plan of Action - JCPOA -, em inglês) é um acordo firmado a 14 de julho de 2015 em Viena pelo Irão e pelos países com assento no Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, e que visa restringir a capacidade do Irão desenvolver armas nucleares.
O comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani, morreu na sexta-feira num ataque aéreo no aeroporto internacional de Bagdade que o Pentágono declarou ter sido ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.
O ataque provocou uma escalada de tensão na região com o Irão a garantir que o país e "outras nações livres da região" vão vingar-se dos Estados Unidos.
[Notícia atualizada às 21h25]