Tentativa de rapto de jornalista revela "um Estado de impunidade"
O partido extraparlamentar Nova Democracia (ND) considerou hoje que a tentativa de rapto do jornalista moçambicano Matias Guente denuncia um Estado de impunidade em Moçambique.
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Mundo Nova Democracia
"Esta violência visceral, perante a indiferença indignante da polícia e da PGR na sua inércia arquivista habitual, corporiza um Estado lesante a coberto de impunidade", lê-se num comunicado daquele partido distribuído hoje à imprensa.
Para ND, a tentativa de rapto de Matias Guente, editor executivo do semanário Canal de Moçambique, revela ainda que os direitos humanos no país estão a "cair em desuso, com os seus defensores desprotegidos", lembrando outros casos de rapto, agressão e assassínio contra jornalistas e ativistas que ficaram por resolver.
"[A tentativa de rapto] denuncia uma estupidez consciente, tal como foi com Anastácio Matavel, Gilles Cistac, José Macuane, Ericino de Salema, Mahamudo Amurane, Carlos Cardoso, Siba-Siba Macuacua, entre outros combatentes", lê-se na nota, na qual o partido reitera que se trata de um atentado ao Estado de Direito.
A tentativa de rapto de Matias Guente ocorreu pelas 13:00 locais (11:00 em Lisboa) de terça-feira no bairro do Alto Maé, atrás do Estado-Maior General, quase no centro da capital moçambicana, disse à Lusa fonte do jornal.
O grupo estava armado e trazia também tacos de basebol e de golfe, e terá seguido Matias Guente por algum tempo para posteriormente tentar obrigá-lo a entrar no seu veículo.
Matias Guente resistiu, foi agredido e fugiu para uma oficina na zona, tendo as pessoas que estavam a passar notado e começado a gritar por ajuda, levando o grupo a fugir.
Além da ND, a União Europeia e os Estados Unidos da América repudiaram a tentativa de rapto, pedindo às autoridades moçambicanas uma "investigação completa e transparente".
Também o Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA), uma organização de defesa da liberdade de imprensa, condenou a tentativa de rapto do jornalista, pedindo às autoridades medidas concretas para crimes contra as liberdades fundamentais e lembrando que não se trata do primeiro episódio de ataques contra jornalistas no país.
No mesmo dia em que o incidente ocorreu, o comandante geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, disse que a tentativa de rapto do editor executivo do Canal de Moçambique está a ser investigada.
"[Os autores] são aproveitadores que querem criar agitação e confundir as pessoas", disse Bernardino Rafael, durante uma visita à clínica onde o jornalista moçambicano esteve internado.
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