Uma investigação da ABC Austrália aponta para uma proliferação de 'bots' (aplicação de 'software' concebida para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão) e contas fictícias que estão igualmente a espalhar notícias falsas, incluindo a tentativa de apontar o dedo a ecologistas, nomeadamente em torno do debate sobre as alterações climáticas.
Entre a informação falsa que circula há várias imagens e notícias com a 'hashtag' #ArsonEmergency que têm inundado a rede social Twitter.
Um investigador da Queensland University of Technology (QUT), Timothy Graham, diz que cerca de um terço de mais de 300 contas que analisou e que têm partilhado publicações com essa 'hashtag' sugerem ser falsas ou automatizadas.
Uma das mais partilhadas, por exemplo, a notícia falsa de que as autoridades australianas teriam detido 200 incendiários, atacando os 'media' tradicionais por ignorarem a informação e preferirem responsabilizar as alterações climáticas.
O número total de pessoas detidas por provocarem incêndios é até ao momento de 24, sendo que só um pequeno número foi responsável por grandes fogos.
Artigos falsos difundidos por 'sites' e páginas associadas à extrema-direita nos Estados Unidos e na Europa chegam mesmo a responsabilizar 'ecoterroristas' e tempestades por provocarem os incêndios.
Um dos artigos falsos já foi partilhado mais de 100 mil vezes, segundo a ABC, atingindo quase três milhões de contas de utilizadores no Twitter, com muitas partilhas noutras redes sociais.
Especialistas notam que o problema se agrava quando contas legítimas de utilizadores partilham as notícias falsas, exageradas ou deturpadas.
É o caso de um suposto mapa em 3D da Austrália que procurava ilustrar fogos ativos -- e que chegou a ser partilhado em Portugal por contas associadas a partidos políticos -- que se comprovou ser falso.
As autoridades alertaram já para o perigo de partilhar informação falsa, especialmente pelo impacto que pode ter em populações diretamente afetadas pelos incêndios.
Os fogos que estão a afetar a Austrália já causaram 25 mortos, a morte de mil milhões de animais e a destruição de 13 milhões de hectares e cerca de 2.000 casas.