A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou esta quinta-feira "uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional" relativamente ao novo coronavírus, que teve origem na cidade de Wuhan, província de Hubei, centro da China. Este anúncio desbloqueia, finalmente, um pacote de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
"Declaramos que temos uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional em relação ao novo coronavírus. Não tem a ver com o que está a acontecer na China, mas pelo que está a acontecer noutros países, por causa do potencial para se espalhar", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que elogiou amplamente as autoridades chinesas e a capacidade de resposta ao surto viral.
"Não se trata de um voto de desconfiança em relação à China", frisou, agradecendo ao país a cooperação mantida desde o início do surto.
"O número de casos fora da China tem-se mantido relativamente pequeno", explicou a agência internacional, explicando que existe registo de "98 casos em 18 países fora da China".
"Há registo de oito casos de transmissão entre humanos em quatro países [fora da China]. São eles a Alemanha, o Japão, o Vietname e os Estados Unidos. Não há nenhuma morte fora da China, temos que estar gratos. Embora estes números continuem relativamente pequenos, temos agora que agir em conjunto para evitar uma maior propagação", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O comité acrescentou que não há razão para restringir as viagens de avião por causa do vírus e sublinhou que as restrições à circulação de pessoas e bens podem ser ineficazes, perturbar a distribuição de ajuda e ter "efeitos negativos" na economia dos países atingidos.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial. Para a declarar, a OMS considera três critérios: uma situação extraordinária, de risco de rápida expansão para outros países e de resposta internacional coordenada.
A emergência de saúde pública internacional foi declarada para as epidemias da gripe H1N1, em 2009, dos vírus Zika, em 2016, pólio, em 2014, e do Ébola, que atingiu uma parte da África Ocidental, de 2014 a 2016, e a República Democrática do Congo, em 2018.