Coronavírus: OMS opõe-se a "todas as restrições de viagens"

A Organização Mundial de Saúde (OMS) opôs-se hoje à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ser uma emergência de saúde pública internacional.

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Lusa
30/01/2020 21:07 ‧ 30/01/2020 por Lusa

Mundo

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"A OMS não recomenda a restrição de viagens, trocas comerciais e movimentos [de pessoas] e opõe-se mesmo a todas as restrições de viagens", afirmou o diretor-geral da OMSTedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, Suíça.

Justificando a declaração de emergência de saúde pública internacional, hoje decidida pela organização, o diretor-geral da OMS disse que a "grande preocupação é a possibilidade de o vírus se propagar a países onde os sistemas de saúde são mais frágeis".

"Não se trata de um voto de desconfiança em relação à China", frisou Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado pela agência noticiosa AFP.

A decisão da OMS foi conhecida depois de o Comité de Emergência, formado por vários peritos, incluindo chineses, se ter reunido hoje novamente, depois de há uma semana ter considerado prematura a emergência internacional.

O comité assinala, em comunicado, que as restrições à circulação de pessoas e bens durante uma emergência de saúde pública internacional podem ser ineficazes, perturbar a distribuição de ajuda e ter "efeitos negativos" na economia dos países atingidos.

O presidente do órgãoDidier Houssin, explicou, em conferência de imprensa, que, perante uma emergência de saúde pública internacional, a OMS tem doravante o direito de questionar os países sobre restrições de viagens que vão impor ou já impuseram.

Didier Houssin deu o exemplo de "vistos recusados, o fecho de fronteiras, a colocação em quarentena de viajantes que estão em boas condições" de saúde.

A cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus, está isolada do mundo desde há uma semana, como a quase totalidade da província de Hubei, onde vivem 56 milhões de pessoas, impedidas de deixar a região.

Os Estados Unidos e o Japão retiraram na quarta-feira parte dos seus concidadãos de Wuhan. Portugal vai igualmente repatriar cidadãos da mesma cidade chinesa, juntamente com outros países europeus.

Várias companhias aéreas decidiram suspender ou reduzir os seus voos para a China continental face à propagação do novo coronavírus (família de vírus que pode causar pneumonia viral).

A Rússia anunciou hoje a intenção de fechar 4.250 quilómetros de fronteira com a China e o Cazaquistão ordenou o encerramento das ligações em autocarro, avião e comboio com o mesmo país vizinho.

O surto do coronavírus na China infetou no país 7.736 pessoas e matou 170, de acordo com o mais recente balanço, hoje divulgado pela OMS.

Outros 82 casos de infeção foram reportados por 18 países da Ásia, Europa, Médio Oriente, América do Norte e Oceânia, sete dos quais assintomáticos.

O surto começou em dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China.

Esta é a sexta vez que a OMS declara emergência de saúde pública internacional.

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