Segundo Óscar Barbosa, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) considera que as recomendações da CEDEAO "vão ao encontro" da posição defendida pelo Supremo Tribunal de Justiça, na apreciação ao recurso contencioso interposto por Domingos Simões Pereira, líder e candidato do partido às eleições presidenciais, que não concordou com os resultados da votação, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
"Para nós, o comunidade da CEDEAO é um aconselhamento às partes envolvidas ao estrito cumprimento do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, fazendo entender às entidades que o respeito às leis é o único caminho para a salvaguarda da democracia na Guiné-Bissau", observou Óscar Barbosa.
Uma missão ministerial da organização africana esteve em Bissau, na quinta-feira, tendo, no final de vários encontros, recomendado para que, até 07 de fevereiro, a CNE proceda ao apuramento nacional dos resultados, na presença de representantes de Umaro Sissoco Embaló e Domingos Simões Pereira, os candidatos à segunda volta das eleições.
O processo deverá ser feito sob a égide da CEDEAO, recomendou a missão ministerial.
Para o PAIGC, a organização não está a impor nada aos guineenses, mas a fazer vincar as leis do país.
"Mas também para o PAIGC e para a candidatura [de Simões Pereira], o comunicado da CEDEAO é uma forma política fina de tentar salvar o desacreditado presidente da CNE que deixou dúvidas no seu comportamento na forma como conduziu este processo", defendeu Óscar Barbosa.
De acordo com o dirigente do PAIGC, "uma recontagem de votos, de forma transparente" irá provar que a vitória de Domingos Simões Pereira "lhe foi retirada de forma escandalosa".
Óscar Barbosa considerou ainda que o seu partido entende o comunicado da CEDEAO como "um elemento positivo para a credibilização das instituições" da Guiné-Bissau.
Contactada pela Lusa, a CNE disse que não vai reagir ao comunicado da CEDEAO.
A candidatura de Umaro Sissoco Embaló diz estar a analisar o comunicado para logo se posicionar.
A CNE deu Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), como o vencedor do escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira conseguiu 46,45%.
A candidatura de Simões Pereira não aceita os resultados, alegando irregularidades na forma como a CNE conduziu o processo e ainda fraude eleitoral, daí o recurso ao Supremo Tribunal de Justiça.