Morreu esta quinta-feira o primeiro médico a identificar e a denunciar o surto viral que já conta com 563 mortos e mais de 28 mil infetados em todo o mundo, confirmou o hospital de Wuhan, capital da província de Hubei, onde se iniciou o surto viral.
Li Wenliang, de 34 anos de idade, tinha confirmado no sábado passado, à CNN, que estava infetado e estava nos cuidados intensivos. Esta quinta-feira foi anunciada a sua morte, que depois foi desmentida pelo hospital, dizendo que lhe tinha parado o coração mas que estavam "a lutar pela sua vida".
O hospital acabaria por anunciar a sua morte às 2h58 da manhã de sexta-feira (hora local, 18h58 de quinta-feira em Lisboa).
O oftalmologista, o primeiro a identificar e denunciar junto de outros médicos o novo coronavírus, razão pela qual chegou a ser preso pelas autoridades, foi infetado pelos pacientes que examinou.
Chinese doctor #LiWenliang, one of the eight "whistleblowers" who tried to warn other medics of the coronavirus outbreak but were reprimanded by local police, died from #coronavirus at 2:58 am Friday, the hospital where he received treatment announced. https://t.co/eCrNha7Nn1 pic.twitter.com/WYwDxZFBej
— Global Times (@globaltimesnews) February 6, 2020
De acordo com a CNN, que entrevistou Wenliang no sábado passado, o profissional falou pela primeira vez na possibilidade da cidade de Wuhan estar na presença de um possível surto viral no dia 30 de dezembro do ano passado, através de uma mensagem que deixou num grupo de antigos colegas de faculdade, na aplicação de conversação WeChat.
O médico de 34 anos escreveu aos colegas, também médicos, que sete pessoas que ficaram doentes num mercado local tinham sido diagnosticados com um vírus semelhante ao SARS (síndrome respiratória aguda grave) e que estavam de quarentena no hospital onde trabalhava.
Em algumas horas, capturas de ecrã das mensagens do médico já estavam a circular nas redes sociais chinesas e tornaram-se virais, sem o seu nome ser apagado. Wenliang foi um dos oito médicos detidos em janeiro pela polícia de Wuhan, que os acusava de espalhar rumores, e foram aconselhados a manter silêncio sobre o caso.
O diagnóstico de Li Wenliang criou uma onda de indignação na China, com muitas críticas à censura estatal em torno da doença e à demora inicial em avisar o público.