"Neste momento, há um processo pendente e aguardamos serenamente os resultados para que processo eleitoral possa ser concluído. Por isso, as Nações Unidas não tomarão, para já, qualquer iniciativa, esperando a decisão final", disse.
António Guterres falava hoje na sede na União Africana (UA), em Adis Abeba, durante uma conferência de imprensa em que foi questionado pelos jornalistas sobre o impasse pós-eleitoral que se vive na Guiné-Bissau, bem como sobre o estatuto que as Nações Unidas atribuem a Umaro Sissoco Embalo, vencedor declarado das eleições presidenciais de dezembro.
Guterres, que está em Adis Abeba para participar nos trabalhos da 33.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, manifestou preocupação com as sucessivas crises políticas na Guiné-Bissau, mas sublinhou a importância de o país ter conseguido evitar que essas crises se transformem num conflito armado.
"Quero prestar homenagem ao povo guineense que tem revelado, com todas estas complicações políticas, um grande bom senso", disse.
Sissoco Embaló foi declarado, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o vencedor das eleições presidenciais, cuja segunda volta foi realizada no dia 29 de dezembro, mas o seu adversário, Domingos Simões Pereira, recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça, pedindo a anulação das eleições, por alegadas fraudes e irregularidades.
A comissão da União Africana (UA), que em janeiro felicitou Sissocó Embalo pela vitória nas eleições presidenciais na Guiné-Bissau, retirou, entretanto, o convite que lhe tinha endereçado para participar na cimeira, considerando que o representante legítimo da Guiné-Bissau na Cimeira da UA, que tem início no domingo, é o Presidente em funções, José Mário Vaz.
Apesar da retirada do convite, Umaro Sissoco Embaló afirmou que vai estar em Adis Abeba, onde está agendada para domingo uma reunião dos países Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para analisar a situação política guineense.
Embalo disse, entretanto, que vai tomar posse, com ou sem o consentimento do presidente do parlamento, no dia 27 de fevereiro.
A 33.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, no domingo e segunda-feira, encerra os encontros anuais da organização, que decorrem desde 21 de janeiro, na sua sede, em Adis Abeba.
Este ano, os líderes africanos reúnem-se sob o tema "Silenciar as armas: Criar condições favoráveis ao desenvolvimento em África", com as discussões centradas na implementação da agenda de paz e segurança da organização para o continente.
A União Africana integra 55 países, incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.