Mali está a realizar contactos com grupos jihadistas
O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, afirmou hoje, pela primeira vez, que há contactos com grupos 'jihadistas', considerando que se trata de uma necessidade para explorar formas de terminar um conflito que atinge o país há oito anos.
© Reuters
Mundo Mali
O chefe de Estado, também conhecido por IBK, referiu que está à espera de uma resposta dos 'jihadistas' à abordagem feita por um dos seus representantes.
"Hoje, o número de mortes no Sahel está a tornar-se exponencial e acho que é hora de explorar certas vias", afirmou IBK, numa entrevista à France 24 e à Radio France Internationale (RFI).
As declarações de IBK rompem com a atitude dos principais dirigentes e líderes no país, que têm rejeitado oficialmente este diálogo.
No final de janeiro, o alto representante do Presidente para o centro do Mali, Dioncounda Traoré, afirmou que tinha "enviado emissários para [Amadou] Koufa e Iyad [ag Ghali]", os dois principais líderes 'jihadistas' no país.
"Estamos prontos para construir pontes de diálogo com todos (...), em algum momento devemos sentar-nos à mesa e conversar", referiu Traoré.
IBK referiu que aquele responsável da sua equipa "está numa missão" e "tem o dever de ouvir todos".
Durante o dia de hoje, o exército maliano iniciou o destacamento para Kidal, no norte do país, onde irá tentar recuperar o controlo de uma cidade que está sob alçada de antigos rebeldes tuaregues.
Os militares deverão chegar à cidade na sexta-feira, referiu o Presidente, na mesma entrevista, na qual explicou que a viagem é perigosa, uma vez que as forças armadas são alvos constantes de ataques 'jihadistas'.
A operação tem o apoio da missão das Nações Unidas no Mali, a Minusma, e da Operação Barkhane, a força 'anti-jihadista' francesa no Sahel, de acordo com a agência France-Presse, que cita um militar maliano, que falou sob anonimato.
Esta missão em Kidal é considerada crucial para a implementação do acordo de paz de Argel, assinado em 2015 e que pretende a estabilização no Mali.
A instabilidade que afeta o Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.
Os fundamentalistas foram expulsos em 2013 graças a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ao controlo estatal e são, na prática, geridas por grupos rebeldes armados.
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