"Trata-se de uma rendição vergonhosa às pressões de países e de organizações que querem prejudicar Israel", reagiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, realçando, no entanto, que "a maioria dos países se recusou a participar desta campanha de pressão política".
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas divulgou hoje uma lista de 112 empresas, israelitas e de outros países, que afirma estarem a operar nos colonatos na Cisjordânia, ilegais face à lei internacional.
Num relatório, o conselho referiu que as atividades das empresas "levantaram preocupações particulares sobre direitos humanos".
A lista é dominada por empresas israelitas, incluindo bancos e empresas de construção, mas integra também sociedades internacionais, como as companhias de viagens e alojamento Airbnb, Expedia e TripAdvisor, o gigante tecnológico Motorola e companhias de infraestruturas, entre as quais a francesa Egis Rail e a britânica JC Bamford Excavators.
"Tenho consciência que esta questão foi e continuará a ser matéria controversa", declarou a Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, sublinhando que o relatório se "baseia em factos".
A divulgação da lista era aguardada há muito por ativistas dos direitos humanos.
No seu relatório anual divulgado em 14 de janeiro, a organização Human Rights Watch assinalava que o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos estava dois anos e meio atrasado em relação ao prazo previsto para apresentar ao Conselho de Direitos Humanos uma lista das empresas que beneficiaram com os colonatos.
Israel começou a criar colonatos no território palestiniano da Cisjordânia após o ter ocupado na guerra de 1967 e tem continuado, particularmente nos últimos anos.
Os colonatos são considerados ilegais pelas Nações Unidas e grande parte da comunidade internacional vê neles um obstáculo maior à paz.
Um dos pontos controversos do novo plano norte-americano para resolver o conflito israelo-palestiniano, apresentado a 28 de janeiro, é a anexação por Israel dos colonatos na Cisjordânia, em particular no vale do Jordão, que deverá tornar-se a fronteira oriental de Israel.
O "plano Trump" considera ainda Jerusalém a "capital indivisível" de Israel, apesar de a parte oriental da cidade ter sido ocupada também em 1967 e posteriormente anexada, numa decisão nunca reconhecida pela comunidade internacional.