Numa reunião mensal do órgão executivo da ONU sobre a Síria, Pedersen lamentou não poder "relatar qualquer progresso para acabar com a violência no noroeste ou relançar o processo político".
Apesar de contactos intensos, "nenhum acordo" foi alcançado entre Moscovo e Ancara e, "pelo contrário", as declarações mais recentes "sugerem um risco iminente de escalada", adiantou o emissário.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu hoje uma advertência severa de Moscovo, após ter ameaçado lançar em breve uma ofensiva militar na Síria contra as forças do regime de Bashar al-Assad na região de Idlib (noroeste).
Erdogan reiterou hoje o seu ultimato ao regime para que até final de fevereiro se retire das zonas dos postos de observação de Ancara naquela província.
"Estes são os nossos últimos alertas (...) Podemos surgir uma noite sem aviso. Para ser mais explícito, está iminente uma operação em Idlib", ameaçou o chefe de Estado turco num discurso em Ancara.
A Rússia, aliada do regime sírio, reagiu imediatamente. Uma tal operação seria "a pior das opções", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Lembrando que cerca de 900.000 pessoas foram deslocadas na zona, o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, precisou, por seu turno, que "mais de 500.000 delas são crianças".
"As pessoas fogem em condições atrozes", denunciou na reunião do Conselho de Segurança.
Entre as intervenções dos países membros do conselho, a Alemanha apelou ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para tomar medidas para acabar com a guerra.
O processo designado de Astana (reunindo a Rússia, Irão - aliados de Assad - e Turquia - apoiante de alguns rebeldes) terminou, sublinhou Berlim, apoiada nesta questão por Londres.
No "braço de ferro" atual, os Estados Unidos apoiam a Turquia, membro da NATO e que assume, lembrou Washington, um fardo considerável ao acolher milhões de refugiados sírios.
Os bombardeamentos diários do regime de Bashar al-Assad e do seu aliado russo nos últimos dois meses à região de Idlib, último grande bastião insurgente na Síria, obrigaram a um êxodo sem precedentes desde o início da guerra no país, que causou milhões de deslocados e refugiados e matou mais de 380.000 pessoas desde 2011.