A Rússia desaconselhou hoje os seus cidadãos a viajarem para Itália, Irão e Coreia do Sul, perante a propagação da epidemia do Covid-19 nesses países, imitando medidas que estão a ser tomadas por vários governos.
A vice-primeira-ministra russa, Tatiana Golikova, que é também responsável pela pasta da Saúde, anunciou que o seu Governo deixará de conceder vistos, além dos de trabalho e humanitários, para cidadãos iranianos que procurem a Rússia, a partir de sexta-feira.
Os voos para a Coreia do Sul também serão suspensos, a partir de sábado, com exceção dos voos da companhia aérea nacional russa Aeroflot.
A Rússia também proibiu o acesso de chineses no seu território, tendo fechado cerca de 4.000 quilómetros de fronteiras comuns, cortando ligações ferroviárias e restringindo o número de voos para cidades chinesas.
A Roménia colocou em quarentena uma dúzia de pessoas que tinham regressado da zona vermelha de Itália, pedindo aos estudantes romenos que regressam da China, Singapura, Coreia do Sul e das duas regiões italianas mais afetadas (Lombardia e Veneto) para ficarem em casa, nos próximos 14 dias.
O Reino Unido pediu aos viajantes que estiveram nas áreas afetadas no norte de Itália para ficarem em isolamento e criou um centro de isolamento no aeroporto de Heathrow, em Londres, o mais movimentado no país, e testes disponibilizados em hospitais e centros de saúde no resto do país.
A Bósnia aconselhou todos aqueles que tenham estado em países afetados para procurarem atendimento médico.
Na Hungria, o presidente da Câmara de Eger (a nordeste da capital, Budapeste) encerrou a piscina municipal e ordenou que fosse desinfetada, depois de saber que a equipa local de polo aquático tinha regressado de Itália.
Ao mesmo tempo, a companhia área nacional búlgara, Bulgaria Air, cancelou todas as ligações entre Sofia e Milão, até quinta-feira, e os aeroportos húngaros está a medir a temperatura de todos os passageiros provenientes de Itália.
A Áustria anunciou a possibilidade de novos encerramentos temporários de fronteiras e, na região de Caríntia, as autoridades adiaram 'sine dia' uma competição de esqui de fundo, em que participariam 300 pessoas originárias de Itália.
Em França, um autocarro proveniente do norte de Itália foi bloqueado, na segunda-feira, em Lyon (centro-leste), devido a uma suspeita de coronavírus a bordo, que não se comprovou.
Os controladores franceses dos caminhos de ferro que operam na linha Paris-Milão estão a ser substituídos por funcionários italianos.
Na Croácia, todas as viagens escolares estão canceladas, nos próximos 30 dias.
A Finlândia convidou todos os cidadãos a terem "extrema cautela" nas viagens para Itália e as autoridades do aeroporto de Praga, na República Checa, estão a aumentar as medidas de higiene.
Na Ucrânia, as autoridades instruíram os comissários de bordo a usar luvas e máscaras de borracha nas viagens para Itália.
Em contramão com estas medidas, a agência de saúde da Suécia recusou-se a introduzir controlos nos aeroportos, por as considerar "ineficazes".
A Comissão Europeia está a pedir aos seus funcionários que tenham estado na zona vermelha em Itália para ficarem de quarentena, isolando-se durante 14 dias, mas não foi feita a recomendação de introdução de controlos nas fronteiras do espaço Schengen.
São já 40 os países afetados pelos cerca de 80 mil infetados (incluindo quase 2.800 fora da China) e mais de 2700 mortes em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.
A epidemia, que surgiu em dezembro na China, parece ter atingido um pico naquele país, segundo as autoridades, que anunciaram hoje 52 novas mortes nas últimas 24 horas, o número mais baixo em três semanas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) deu conta hoje de que o número de novos casos diários confirmados no resto do mundo ultrapassou pela primeira vez o que se verifica na China, mas avisou, já na segunda-feira, que o mundo tem de se preparar para uma "eventual pandemia", considerando "muito preocupante" o "aumento repentino" de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão.