"Prestamos muita atenção à Europa, onde pode ocorrer um grave surto", afirmou o diretor dos Serviços de Saúde de Macau, referindo também como preocupante a situação nos Estados Unidos.
Macau anunciou hoje que vai impor uma quarentena de 14 dias a pessoas provenientes da Alemanha, da Espanha, da França e do Japão, a partir das 12:00 (04:00 em Lisboa) terça-feira.
Esta medida é já aplicada a quem chegue ao território vindo da Coreia do Sul, da Itália e do Irão.
Dado que o espaço europeu é de livre circulação e a população pode circular também por via terrestre, "a pessoa que entra em Macau tem de declarar, com informações verdadeiras, por onde circulou", afirmou Lei Chin Ion, na conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.
As medidas de prevenção em vigor são ajustadas de acordo com a situação epidemiológica, mas este tipo de medida "é também uma questão diplomática", disse Lei Chin Ion.
"Por isso, temos que comunicar com o Comissariado dos Negócios Estrangeiros da China em Macau", afirmou.
"Dito isto, talvez daqui a dois dias sejam incluídos mais dois ou três países. As nossas medidas são ajustadas consoante a situação epidemiológica (...) Combatemos os casos importados do interior da China e agora os de países estrangeiros", acrescentou.
A coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença esclareceu que "todos os residentes ou turistas vindos desses países ou [que passaram] em trânsito por esses países terão de sujeitar à medida de quarentena".
"Para quem passou por esses países em trânsito também se deverá sujeitar à quarentena", disse Leong Ick Hou, explicando que não é possível saber quanto tempo estiveram nos aeroportos e se contactaram com alguém infetado.
"A diferença de dois dias" entre a medida de observação médica, que entrou hoje em vigor, e a de observação médica em quarentena, a partir de terça-feira, "é para dar algum tempo aos residentes que estão nesses países para voltarem", salientou a responsável.
As autoridades indicaram ainda que as primeiras análises feitas em Macau aos 57 residentes que regressaram no sábado da cidade chinesa de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus, foram todas negativas.
O adolescente de 16 anos que no sábado foi impedido de embarcar pelas autoridades alfandegárias chinesas por na medição da temperatura apresentar 37,5ºC, quando o limite era de 37,3ºC, "encontra-se bem e em casa de um familiar", disse Lei Chin Ion.
Há 33 dias sem casos novos de Covid-19, Macau registou dez casos da infeção, sendo que todos tiveram já alta hospitalar.
Os três últimos doentes a saírem do hospital encontram-se agora no Centro Clínico de Saúde Pública no alto de Coloane a convalescer em isolamento durante 14 dias. Se no final deste período, continuarem com análises negativas ao coronavírus, poderão regressar a casa, onde deverão cumprir mais 14 dias de quarentena.
A epidemia de Covid-19, detetada em dezembro na China, provocou cerca de 3.600 mortos entre mais de 105 mil pessoas infetadas numa centena de países e territórios.
Das pessoas infetadas, cerca de 60 mil já recuperaram.