O acordo prevê que Ancara mantenha os requerentes de asilo no seu território em troca de 6.000 milhões euros de fundos comunitários.
O alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, e o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, serão os responsáveis pela execução desta tarefa, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, após uma reunião com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
Erdogan visitou Bruxelas no meio de críticas à Europa, alegando que a UE não está a apoiar suficientemente a Turquia na crise síria, enquanto a UE pediu às autoridades turcas que não usem a pressão migratória para fins políticos.
Borrell e Çavusoglu trabalharão com duas equipas "nos próximos dias para esclarecer a implementação do acordo entre a Turquia e a UE", para garantir que as partes estão "na mesma página" e têm "a mesma interpretação" do que está a ser feito, afirmou Charles Michel em conferência de imprensa, na qual participou também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mas não Erdogan.
"Tivemos a oportunidade de partilhar as nossas opiniões diferentes sobre o acordo. Tentamos esclarecer certas posições, interpretações e comentários sobre a aplicação desse acordo", afirmou Borrell.
Em particular, acrescentou que a UE teve a oportunidade de "mostrar de que maneira colocou em marcha os compromissos financeiros", com a promessa de mobilizar um total de 6.000 milhões de euros em apoio a refugiados em solo turco.
Milhares de migrantes tentam atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia desde que o presidente turco anunciou, em 29 de fevereiro, que havia deixado de respeitar um acordo de março de 2016 com a UE, no qual se previa a permanência de migrantes na Turquia, em troca de apoio financeiro europeu a Ancara.
A UE tem rejeitado vigorosamente o que classifica como uma "chantagem" de Erdogan, tendo na sexta-feira os chefes da diplomacia da UE, reunidos em Zagreb, deplorado o "uso político de migrantes" e pedido a Ancara que não quebrasse os compromissos no acolhimento de refugiados.