Banco de Espanha alerta para perturbação sem precedentes na economia

O governador do Banco da Espanha, Pablo Hernández de Cos, advertiu hoje que a economia está a enfrentar "uma perturbação sem precedentes" devido à epidemia do coronavírus, por isso pede uma "maior ambição nas políticas fiscais europeias comuns".

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© Reuters

Lusa
20/03/2020 11:23 ‧ 20/03/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

O governador acredita que as medidas tomadas em Espanha e noutros países para conter a epidemia "levaram a uma perturbação muito grave da atividade económica", que resultará numa deterioração desta atividade que poderá ser "muito pronunciada no curto prazo".

A intensidade da crise, que ainda não é possível avaliar, é "incerta", mas, de qualquer forma, será "assinalável", pelo que as políticas públicas serão cruciais para evitar que a queda "transitória" da atividade económica se torne perseverante, segundo declarações do governador divulgadas pela instituição.

Neste contexto, "uma maior ambição e coordenação da resposta a nível europeu não é uma opção, é uma necessidade", considera Pablo Hernández de Cos, que sublinha que a dimensão da perturbação "torna necessário ser mais ambicioso em termos de políticas fiscais europeias comuns", quer através dos instrumentos disponíveis, quer com novos instrumentos.

O governador do Banco de Espanha sublinha a possibilidade de se reforçar as ferramentas comuns com um mecanismo de partilha dos riscos orçamentais de cada país.

Nas últimas semanas, o Banco Central Europeu (BCE) tem apelado aos países europeus para que adotem mecanismos fiscais que ajudem as medidas monetárias e de liquidez que a autoridade monetária europeia possa implementar.

Pablo Hernández de Cos analisa a evolução dos mercados financeiros mundiais nas últimas semanas, à medida que a emergência sanitária se agravou, e as medidas adotadas pelas instituições europeias.

O governador considera positiva a "flexibilidade" do programa de compra lançado pelo BCE, pois ajudará a evitar uma maior deterioração das condições financeiras na área do euro, assegurando assim que todos os setores económicos desfrutem de "condições de financiamento favoráveis".

"É importante sublinhar que os limites autoimpostos aos programas de aquisição podem ser flexibilizados, se for considerado necessário", sublinhou.

Estas medidas são complementadas pelas iniciativas lançadas pelo Mecanismo Único de Supervisão Bancária para garantir que o crédito chegue à economia real e por outras tomadas pelos vários governos para ajudar as famílias e as empresas, incluindo as garantias públicas, que são "a primeira linha de ação" para enfrentar a crise.

A Espanha é um dos países mais atingidos pelo novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, que já infetou mais de 235.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a tornar-se na quinta-feira o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 3.405 mortos em 41.035 casos.

A Espanha regista 767 mortes (17.147 casos) e a França 264 mortes (9.134 casos).

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

 

 

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