Médicos chineses dão raspanete a Itália: "Ainda há festas nos hotéis"

Equipa de combate ao coronavírus que chegou de Wuhan critica a falta de rigor das políticas de confinamento.

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Notícias Ao Minuto
21/03/2020 15:44 ‧ 21/03/2020 por Notícias Ao Minuto

Mundo

Covid-19

Os médicos chineses que ajudaram a superar o novo coronavírus em Wuhan, o epicentro desta pandemia da Covid-19, chegaram esta semana a Itália, mas poucos dias restaram para que esta equipa de especialistas criticasse a atitude da população italiana no que toca ao cumprimento da quarentena.

A equipa de nove especialistas da China, que trabalha desde quinta-feira em Milão para ajudar as autoridades italianas, criticou duramente, depois de visitar a cidade, a leveza das medidas de restrição postas em prática no país e recomendou medidas ainda mais rígidas para que todas as pessoas fiquem em casa, a única maneira, dizem eles, de impedir a propagação do vírus.

"As medidas adotadas são muito pouco rigorosas. Se não for alterado o modo de enfrentar esse problema, o vírus vai continuar a circular. A vida dos nossos cidadãos é a coisa mais importante agora. Não há uma segunda oportunidade quando se fala de vidas", começou por dizer o vice-presidente da Cruz Vermelha chinesa, Yang Huichuan, numa conferência de imprensa realizada em Milão, capital da Lombardia e uma das regiões mais afetadas em Itália.

O médico criticou ainda o facto de muitas pessoas ainda continuarem nas ruas de Milão, cidade que visitou, e apelou a que as pessoas se fechem em casa.

"Vocês [Itália] não estão a adoptar políticas de fecho das ruas. Os transportes públicos continuam a funcionar, há muitas pessoas a circular pelas ruas e ainda há jantares e festas em hotéis. Além disso, na área mais atingida pelo vírus, as pessoas não usam máscaras", acrescentou.

O clínico chinês sublinhou ainda que a situação de emergência em Itália, que já ultrapassou a China no número de vítimas mortais, e particularmente na região da Lombardia, é "muito semelhante" ao que aconteceu há alguns meses em Wuhan, foco do surto.

“Somente após um mês de fecho completo da cidade, os hospitais puderam começar realmente a tratar os pacientes e superar o pico da doença”, alertou o médico, que recomendou que, para acabar com o contágio, é necessário "interromper toda a atividade económica e bloquear a mobilidade das pessoas".

"Todos deveriam ficar em casa em quarentena", argumentou, enquanto indica que todos os cidadãos, e não apenas o governo ou as autoridades de saúde, precisam de "seguir rigorosamente essas políticas de isolamento".

Refira-se que Itália superou, na tarde de sexta-feira, a China como o país com mais mortes registadas devido à infeção por Covid-19. São já 4.032 mil mortes e um total de 47.021 infetados

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