Macau deteta 40% dos casos importados com medição da temperatura

O médico português representante dos Serviços de Saúde de Macau Jorge Sales Marques sublinhou hoje em entrevista à Lusa que 40% dos casos importados foram detetados no território através da medição da temperatura.

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Lusa
23/03/2020 07:02 ‧ 23/03/2020 por Lusa

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Covid-19

 

"Fizemos uma coisa muito simples: fazer testes às pessoas todas que entraram em Macau e (...) controlo de temperatura. E posso dizer que em 40% dos casos detetámos [as situações] através do controlo de temperatura", defendeu o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.

O especialista frisou que as "estatísticas apontam para 40%, o que vai ao encontro do que está a ser feito em muitos países".

A medição da temperatura foi uma prática generalizada muito cedo em Macau, logo que teve início o surto da covid-19, quando foram identificados dez casos, que já receberam alta hospitalar.

"É um método importante para deteção (...) porque nós sabemos que, na covid-19, em 80% dos casos as pessoas aparecem com febre, pode ser numa fase inicial ou num período em que está doente", explicou.

Jorge Sales Marques adiantou que esta "deteção precoce da temperatura vai evitar o contágio e a propagação do vírus", num território que está a registar uma outra vaga de casos, importados: 14 numa semana, depois de ter identificado dez numa fase inicial e após ter ficado 40 dias sem novos contágios.

Hoje, as autoridades anunciaram o 24.º caso identificado no território, o sétimo em pouco mais de 24 horas.

"Tivemos de 'alugar' sete hotéis para meter tantas pessoas", salientou, num momento em que os últimos dados oficiais apontam para quase 1.400 pessoas nestes centros de quarentena improvisados que procuram responder à entrada de milhares de pessoas que regressam ao território.

Há uma equipa que se desloca a Hong Kong para efetuar o rastreio da temperatura no aeroporto internacional do território vizinho das pessoas que depois são encaminhadas para os autocarros especiais que as transportam para Macau, com o controlo para detetar eventual febre a repetir-se nos hotéis. Caso seja detetada, as pessoas são internadas no hospital público, explicou.

O especialista concluiu: "O objetivo número um dos Serviços de Saúde é evitar que o vírus volte novamente a Macau sem ser por via importada, porque os [casos] importados já estavam previstos" e estão a ser detetados "logo no início".

Algo que se irá manter, estimou, depois do final deste mês, "porque a situação não está controlada fora da Ásia, na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo", prevendo que esta "batalha" comece a ser ganha com a melhoria da resposta nos países que estão a viver focos de contágio local.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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